As relações com e entre os públicos

Por Cris De Luca

Um ponto que sempre foi muito importante para mim desde que comecei a estudar e trabalhar com Comunicação foi entender as pessoas e os públicos com os quais eu me relacionava. Clientes, colegas, gestores, público de interesse das agências, das marcas com as quais eu trabalhava, jornalistas de veículos de comunicação e por aí vai. Me formei em Jornalismo, lá em 2002, num mundo que não tinha tanta interação digital assim. A tecnologia foi tomando conta do mercado da Comunicação e a gente foi se adaptando a ela. Passamos a nos relacionar com qualquer pessoa que tenha um smartphone e uma rede social na mão.

Apesar de sempre ter trabalhado em comunicação institucional, corporativa e com assessoria de imprensa, notei que me faltavam algumas ferramentas, mesmo tendo estudado marketing na pós-graduação, publicidade e gestão de imagem de marca no mestrado. Resolvi voltar para a faculdade para fazer Relações Públicas para entender como poderia otimizar o meu relacionamento com os públicos com os quais eu trabalhava, eu precisava repensar alguns pontos, algumas certezas que eu tinha e acreditei que na academia e na troca com colegas com praticamente metade da minha idade, eu conseguiria evoluir na minha formação e no meu entendimento.

Foi nesse período, desde 2015, mais ou menos, que passei a trabalhar muito mais o relacionamento, principalmente, porque outras mídias passaram a estar debaixo do meu guarda-chuva. Não tinha mais como ficar fixada apenas em veículos de comunicação tradicionais, os blogs estiveram em alta, os veículos de mídia alternativa, as redes sociais viraram mídia e fizeram cada um de nós um produtor de conteúdo, sem contar as alternativas de mídia externa, as tais mídia programáticas, as possibilidades de branded content e publicidade nativa e por aí vai. E cada uma dessas mídias envolve pessoas com bagagens e conhecimentos diferentes, as linguagens e discursos usados são os mais diversos e precisamos estar atentos a cada um deles. Precisamos estar próximos, participar das mesmas conversas que eles participam, precisamos fazer parte do mundo de cada um deles. Há tempos não podemos mais construir uma única mensagem para conversar com os mais diversos públicos.

Parece utópico, não é mesmo? Mas se não for assim, se a gente não entender quais são as dores de cada público ou, se tu trabalhas com um público específico, de cada persona com quem tens que te relacionar, o que move e o que interessa a cada um deles, não faz sentido existirmos enquanto área. Escutar o outro, exercitar a empatia, saber o momento e a forma correta de começar uma conversa ou de entrar em um diálogo que já existe, fazem parte da essência da comunicação e precisamos aprimorá-la mais e mais. A gente escuta tanto os gestores de empresas e marcas falarem de otimização de recursos, acredito que chegou a hora de falarmos sobre a otimização de relações.

Como fazer para qualificar o que já existe e conseguir fazer mais, de forma mais eficaz e eficiente? Essa construção precisa ser conjunta e não depende apenas de uma área do nosso mercado. Precisam sentar juntos profissionais de Relações Públicas, Publicidade, Jornalismo, Design e áreas afins para pensarmos de forma estratégica e assertiva, olhando para o todo, cada um trazendo seu ponto de vista. É unindo forças e olhares, que mostraremos a quem é de fora da área a importância do relacionamento e da comunicação integrada. Quem vem com a gente?

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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