Cometi um texto

Por Cris De Luca

Neste mundo de hoje, parece que quanto mais a gente parar para analisar as coisas e refletir sobre os próximos passos, nem que seja para imaginar o caminho que pode ter, mas se fica confuso, menos se tem certeza de algo. Pelos menos é o que eu venho sentido nos últimos tempos. E me parece também que o "caminho" é a gente voltar a se conectar com a gente mesmo, com nossa essência, com nossas origens, com a nossa raiz. Eu já vinha nessa linha de pensamento, não por nada o coletivo do qual faço parte se chama Gengibre, mas depois que eu vi algumas palestras do maravilhoso Andrey Dutra, tenho cada vez mais certeza disso.

O Andrey é um ser de luz que tira a gente do eixo sempre. Não importa se é uma conversa no almoço no meio de um evento, se é uma palestra, um curso ou uma consultoria. Depois que a gente escuta ele falar, com tanta verdade e tanta vontade de fazer do seu jeito, difícil não ficar repensando o mercado, a profissão, a vida. A última vez que escutei ele falar foi na quinta-feira passada, num Share Talks, lá em Criciúma. E tudo que ele falava fazendo ainda mais sentido. Talvez eu estivesse mais sensível por ter feito meu mapa astral há poucos dias, pode ser que sim, pode ser que não. Mas a busca por entender a essência anda forte por aqui.

Sim, no final das contas, esse texto vai virar uma ode ao Andrey, porque onde quer que a gente encontre com ele, a gente quer levar ele para casa, quer conversar mais um pouco, quer virar melhor amigo. Lembro que alguém uma vez comentou, não lembro realmente quem, que ele era apenas um menino. Sim e talvez seja por isso que ele consiga se libertar de tanta coisa que a gente ainda está agarrado, achando que seja a corda que vai nos salvar caso tudo dê errado, caso a gente esteja quase se afogando.

Ele sempre fala de algo que eu acredito muito: que o que importa é a gente entender as pessoas e a cultura, a gente tem que parar de racionalizar tanto (faz como com três planetas em Virgem?) e tem que estar mais preocupado em arrepiar as pessoas do que em apresentar o resultado apenas pelo resultado. Revoluções foram feitas por pessoas e pelo engajamento em causas. E a gente esquece disso. Como diz o Andrey, quando as pessoas estão muito calmas, as coisas não mudam. "Tem que ter dor de barriga."

A gente esquece de olhar para trás e parar, nem que seja por pouco tempo, o curso da nossa história, como pessoa, como comunidade, como nação. Quando tu começas a fuçar na tua origem, tu começas a entender até mesmo a forma como o teu processo criativo funciona e porque não funciona. A gente começou a ser dirigido por dados, por métricas e esqueceu da história da gente. Como ele mesmo lembrou neste dia, o digital nos dá a sensação de engajamento e trocas.

Talvez seja a hora de buscar a nossa criança adormecida e cuidar dela. Deixar ela brincar um pouco nesse mundo louco que a gente vive, ser um pouco sem filtro. É mais do que hora de respeitar a tua história, as tuas escolhas, as tuas causas e não deixar se corromper porque os outros acham a tua trajetória menos importante. Não é preciso ocupar todos os lugares, ache o seu lugar, onde tu precisas estar e faz sentido pra ti. Inclua o outro e não o anule.

No dia seguinte desta palestra do Andrey, apareceu um compartilhamento meu nas lembranças do Facebook de um trecho do livro Moda é Comunicação, da Carol Garcia e da Ana Paula Miranda, que fez ainda mais sentido e que conectou novamente algo aqui. Espero que dê algum clique por aí também:

"A originalidade não está, portanto, na urgência em se diferenciar dos outros ou em produzir o absolutamente novo, mas em agarrar-se às raízes tanto de nós mesmos quanto das coisas."

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

Comentários