Entretenimentos muito sérios

Tudo começou com 'inocentes' jogos, que prometiam exclusivamente entreter os cidadãos em momentos de ócio (sala de espera de um médico ou dentista, transporte (Uber e outros, avião, etc.) e foram evoluindo de forma mais acelerada e ainda mais profissional. E menos despretensiosa. Transformou-se em uma verdadeira indústria: divertir as pessoas (na realidade, clientes ou prospects), em troca de cliques e informações.

Terminou estourando recentemente com o escândalo da Cambridge Analytic e Facebook (e outros desdobramentos ainda desconhecidos), em que não só dados, mas hábitos, tendências (interpretadas a partir de AI) eram utilizados para em determinados momentos saber mais sobre você do que você mesmo imagina saber. Ok, há uma pequena margem de erro, mas esta foi desconsiderada e - como já disse em coluna anterior - comportamentos e estas tendências utilizadas para interferir em coisas bem mais sérias, como as eleições americanas (e brasileiras) e votações altamente relevantes (como o Brexit).

A questão toda está em um ponto que noutro dia o aplicativo de previsão do tempo que utilizo (do Yahoo) informou que havia mudado uma série de critérios de permissão. O fato, dirão os ingênuos, é que se pode concordar ou não com estes critérios, temos escolha. Mas se não concordamos, não utilizamos o aplicativo.

No caso de um aplicativo de previsão do tempo, posso substitui-lo facilmente ou mesmo não utilizar nenhum, mas há apps mais importantes, como bancos e cartões de crédito, por exemplo.

A brincadeira ficou séria e, assim como quando éramos crianças e crescemos, o modo de encarar estas questões deve ser levado muito a sério, sob a pena de pisarmos no local errado, em campo minado.

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