Eu twitto, tu twittas, ele…

Não costumo resistir às novas invenções tecnológicas. Nem brigar com os avanços da cibernética. Pelo contrário. Até mantenho com todos ao meu dispor uma &

Não costumo resistir às novas invenções tecnológicas. Nem brigar com os avanços da cibernética. Pelo contrário. Até mantenho com todos ao meu dispor uma simpática relação de convivência. Sem exigências impossíveis de cumprir de ambas as partes. Depois de um tempo de relacionamento estável e afável com o meu computador antigo, por exemplo, tive que propor a separação amigável. Não suportava mais as noites improdutivas da máquina. Reiniciar? Dor de cabeça? Fala sério! Com o novo, o George Clooney, o entrosamento é perfeito. Fomos feitos um para o outro. Assim como os blogs, sites, Orkuts.
Mas, por razões que a própria razão desconhece, ainda torcia o nariz para o tal do Twitter. Apesar de todo o marketing que ele propaga através dos seus seguidores, calculados em mais de 75 milhões de usuários, uma média diária de 50 milhões de twittes ou 600 twittes por segundo. Nos últimos seis meses, vários amigos falavam nas suas vantagens: atualização, número de postagens, alcance e informação, entre tantas. Com a desculpa de não querer mais um compromisso na minha rotina, resistia bravamente. Até que, no meio de março, após um flerte sem consequências, rendi-me ao Twitter.
No início, devo confessar, foi um pouco complicado. Mas na ausência dos universitários para me auxiliar, pedi ajuda a minha filha Gabriela, que é quase uma pré-universitária e uma próspera twitteira. Preciso aprender muitas coisas. É uma linguagem totalmente diferente dos outros blogs, sites e dogmas. Amparada na minha curiosidade e na mania de arriscar, mesmo com a possibilidade de errar, aos poucos, vou percorrendo mundos incríveis. No meu namoro com o Twitter, já desbravei a vida de alguns, fui informada de programas geniais, li frases muito lindas e sucintas. E descobri paixões adormecidas. Agora correspondidas.
Porque o Chico, pelo menos três vezes por semana, quando resolve twittar ao acordar - não importando a hora em que desperta - deixa recados tão especiais para mim. Sim, o Chico Buarque de Holanda. É óbvio. Ele já admitiu que quis morrer de ciúme, quase enlouqueceu, mas depois como era de costume, obedeceu. Vocês conseguem imaginar como me tocou quando ele twittou que vai rasgar o coração para costurar o meu? Nem fiz mais nada aquele dia. Apenas flutuei. Leitor, não deixe a inveja lhe dominar. Não venha querer me dizer que não são para mim essas declarações lindas.
Aliás, esta proximidade, ou melhor, a interatividade com o meio cultural e artístico é um dos grandes atrativos do Twitter. Como continuo um ser noturno (ai, como era bom quando a boêmia era minha grande companheira) e não consigo raciocinar antes da meia-noite, preciso ocupar meu ócio neste período. E, então, twittando uma noite destas qualquer, descobri um belo programa na TV Cultura, o "Ensaio" com entrevista e músicas da Maria Rita. Simples. Ela mesmo me avisou. Tava no seu Twitter oficial. A Preta Gil é outra que vive falando comigo, dando dicas de shows, baladas e outros babados.
Foi preciso twittar para conhecer o tudodebom blog que a minha amiga Marcela Duarte alimenta. Acompanhando uma twittagem recorrente dela sobre a bolsa dos seus sonhos, fui fuçando e cheguei ao www.qualquer.org/petite. Não sou das mais geniais. Sigo muitos. Poucos ainda me seguem (snif.. snif). É apenas uma questão de tempo para crescer a minha lista de 20 seguidores. E um deles, o bravo Didi (posso usar o apelido porque ele garante que só eu ainda o chamo pela alcunha) também é meu leitor aqui. Nada como uma tuitada para reencontrar os amigos.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

Comentários