Limando o limão

A Vida, como a Feira, às vezes dá limões às pessoas. A fruta pode ser a mesma mas a reação dos contemplados varia. Não …
















A Vida, como a Feira, às vezes dá limões às pessoas. A fruta pode ser a mesma mas a reação dos contemplados varia. Não custa imaginar:

O egoísta: Se a Vida me desse um limão, eu faria uma limonada bem gostosa só pra mim.


O desconfiado: Por que a Vida daria um limão logo a mim?


O pessimista: Provavelmente eu ganharia um limão podre.


O auto-suficiente: Não preciso de limões pra fazer minhas limonadas.


O poderoso: Mandaria alguém preparar minha limonada imediatamente.


O previdente: Guardaria o limão para mais tarde, quando faltassem limões.


O empreendedor: Venderia a primeira limonada. Com o dinheiro, compraria
mais limões. Aí?


O sonhador: Faria uma limonada cor-de-rosa pra tomar com a Angelina Jolie.


O preguiçoso: Agradeceria. Espremer limão dá muito trabalho.


O hipocondríaco: Faria um chá.


O inconformado: Um limão só? Isso não dá pra nada!


O altruísta: Ofereceria uma limonada a quem tivesse mais sede que eu.


O fiscal: Esse limão tem nota?


O ecologista: Prefiro os do meu pomar, que não contêm agrotóxicos.


O exigente: Limão? Não pode ser maracujá?


O miserável: Sem açúcar e sem água não posso fazer coisa alguma?


O paranóico: Não pegaria. Vá que é a Morte disfarçada, presenteando limões
em vez de maçãs?


O maldoso: Preparava uma limonada bem doce e dava prum diabético, hehehe.


O complicador: Faria um refrigerante artificial.


O socialista: Sou contra privilégios. O que deve haver é uma melhor distribuição de limões para todos.


O realista: Azeda basta a Vida.


A criança: Ah, com um limão eu faria mil caretas engraçadas!


Etc.

Poeminha adestrado

Ao acordar, desacorde.
Ao levantar, abaixe-se.
Ao comer, não engula.
Ao sair, não sobressaia.
Ao caminhar, não desande.
Ao conversar, desconverse,
Ao se aproximar, se afaste.
Ao ser reconhecido, disfarce.
Ao avançar, recue.
Ao se comunicar, silêncio.
Ao parar, mova-se.
Ao sentar, sinta-se.
Ao deitar, role, abane o rabo
e finja de morto.

Autor
Fraga. Jornalista e humorista, editor de antologias e curador de exposições de humor. Colunista do jornal Extra Classe.

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