“Não perca esta coluna”

Geminiana complementamente indecisa, e não regida por Plutão (ufa, logo existo), caminhava pela Rua da Praia sem nenhuma praia tentando selecionar um tema para …

Geminiana complementamente indecisa, e não regida por Plutão (ufa, logo existo), caminhava pela Rua da Praia sem nenhuma praia tentando selecionar um tema para a sua coluna semanal aqui no site. Jornalista totalmente com muitas coisas para fazer, e sempre no deadline, havia, mais uma vez, deixado para definir na última hora o ingrediente do artigo no Coletiva. Fã sem desconfiômetro de Maria Rita (como se algum fã tivesse a mínima noção do seu verdadeiro lugar no espaço), pensava em escrever sobre o show da cantora na semana passada. Mas, como mãe superprotetora tudo indicava que terminaria por dedicar estas mal traçadas linhas a mais um episódio de Gabriela e seu adolescer.


Foi quando resolvi prestar atenção na "sintaxe dos paulistas e o falso inglês relax dos surfistas" e ouvi, de uns jovens que passeavam por perto, algumas pérolas que enterraram, definitivamente, o que ainda restava da boa e amada Flor do Lácio. Antes de começar a me dedicar a criar confusões de prosódias, que encurtem dores, devo confessar que há muito tempo não escutava tanta bobagem reunida em tão poucos metros quadrados. Penalizada (com z mesmo), fiquei sabendo que os meninos tiveram uma "perca" muito grande e que em função disso, estavam com "menas" dinheiro. Tudo sob controle, disse o mais esperto, porque, segundo o CDF do grupo, os "nervo" da mãe dele, que tava a "flor da pel", receberam uns "fortificans".


E como sei que a poesia está para a prosa, assim como o amor está para a amizade, lembrei que em algum lugar havia lido algo sobre a tal da língua portuguesa e seus assassinos. Encontrei aqui mesmo no Coletiva, a coluna da Maristela Bairros da semana passada intitulada "Acesse a língua, mas cuide com o colocar", com preciosidades sobre o assunto. Lembrei de uma pessoa super do "bem" que era meu assessorado e que volta e meia aparecia nas entrevistas da "imprensa televisada" conjugando o verbo "sejer". E, acredite prezado leitor, ele não era desprovido de estudo. Além do superior completo, tinha mestrado e mais umas especializações nos States. Com tanta bagagem, ele sabia todas conjugações do sejer, verbo transitivo direto.


O meu amor pela língua de Luis de Camões (sem a mínima relação pornográfica nesta frase) derrubou outras idéias de tema para meu encontro semanal com você, meu leitor. Deletei o Plutão, que está precisando de ajuda agora que perdeu sua condição de planeta. E deletei, já inserida na língua internetês, também a coluna sobre o show imperdível da Maria Afinadissíma Rita. De quebra, aproveitei para excluir as aventuras da Gabriela Linda Martins Trezzi do convívio semanal de vocês. Egoísta, vou ficar com as peripécias de Gabriela no país da Adolescência só para mim. Aliás, Gabriela começou a ler "A Casa das Sete Mulheres" com um dicionário ao lado, o que, quem sabe, lhe garantirá, no futuro, uma conversa mais rica.


E, antes que eu "reinicialize" a minha coluna que sempre "disponibilizo" para você leitor, na quarta-feira, ou que "estou providenciando" (ai, que dor) na quinta-feira de manhã, digo que é melhor fazer uma canção, está provado que só é possível filosofar.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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