O consumidor almeja pelo crédito

Indicadores de produção industrial e comercial apontam que a economia começa a reagir, sinalizando uma tendência positiva. O varejo recebeu o aporte dos saques do FGTS, investiu em campanhas promocionais como Black Friday e aguarda a entrada do décimo terceiro. A população almeja por novos postos de trabalho e renegociação das contas atrasadas para alterar a condição de inadimplente e voltar a utilizar o cartão de crédito, que é um farol de esperança.

O cartão de crédito atua como um motivador natural dos consumidores: quando a pessoa tem crédito acredita que pode sonhar, sente-se protegida, arrisca-se a comprar. Se não tem crédito, a desmotivação aumenta junto com as preocupações. 

O IPO - Instituto Pesquisas de Opinião verificou a expectativa dos gaúchos com o futuro a partir da seguinte questão: Pensando na sua vida e na vida da sua família, o que o(a) Sr.(a) espera para este ano? (%)

- Vai melhorar 46,9%

- Vai ficar como está 27,8%

- Vai piorar 23,9%

- Não sabe avaliar 1,5%

Os gaúchos se dividem e os que têm dúvida com o futuro optam por cautela na hora da compra. A tendência é que o ticket médio de cada presente de Natal seja inferior a R$ 100, mantendo a média de 2016. Além de suprir alguns gastos com as festividades do final de ano, há três linhas de comportamento na utilização do décimo terceiro:

  1. a) O primeiro grupo pensa em pagar dívidas ou parte delas para sair da inadimplência, ou, até mesmo, apenas equilibrar as contas do mês.
  2. b) O segundo, temeroso com a economia, pensa em poupar, em ter uma reserva técnica, prevendo, especialmente, o aumento das despesas no início do ano (IPTU, IPVA, Educação...).
  3. c) O terceiro grupo tende a investir o décimo terceiro em presentes, em bens de consumo duráveis ou em produtos destinados à família, tentando equacionar a lista de pendências do ano.

O décimo terceiro servirá como um estímulo para os gaúchos, em especial, para os 46,9% que acreditam que situação irá melhorar e, se o comércio almeja a ampliação de suas vendas, precisa fomentar uma campanha de renegociação com os seus clientes inadimplentes. Quase um axioma: mais crédito, mais vendas!

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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