O lado negro da idolatria

Todos temos ídolos, sejam eles pequenos (do nosso bairro) ou grandes (internacionais). Ter ídolos é bom. São pessoas que admiramos por uma virtude. Ou …

Todos temos ídolos, sejam eles pequenos (do nosso bairro) ou grandes (internacionais). Ter ídolos é bom. São pessoas que admiramos por uma virtude. Ou por várias virtudes. Nos espelhamos nestas virtudes e tentamos copiá-las. Ou simplesmente as admiramos, no caso de um violoncelista, por exemplo.
Mas os ídolos podem ser fonte de maus exemplos, também. Vejamos dois casos recentes: Zequinha Barbosa, campeão mundial, acusado de pedofilia, e Madonna. Comecemos por Zequinha. Vendo a foto dele no jornal, cheguei à conclusão de que ele é culpado. Por um simples detalhe: ele compareceu ao Congresso, para depoimento sobre este caso, com o uniforme do COB, todo colorido e paramentado. Por quê ele fez isto? Para tentar atenuar a desconfiança que lhe pesa sobre os ombros, como que dizendo: "Calma, pessoal, eu sou aquele campeão. Peguem leve". Somente um culpado age assim. Pois vamos combinar que o traje mais adequado para se ir ao Congresso, ainda mais em uma audiência que trate de uma acusação tão grave, não é o abrigo esportivo.
Mas voltando à questão do mau exemplo. O caso de Zequinha é duplamente grave. Pela acusação em si, de pedofilia, que é um crime inominável e repugnante, e pelo fato de ser ele um ex-atleta mundialmente premiado. Atletas agregam componentes como saúde, energia, vida regrada. Portanto, quando um atleta se vê envolvido em um escândalo deste tipo, acho que o prejuízo é ainda pior. E pedofilia é um dos crimes que considero mais pavorosos.
Outro mau exemplo é de Madonna. Na verdade, além de ser um mau exemplo, é patético. Ela há pouco tascou um beijo na boca de Christina Aguilera, em cerimônia pública e que teve, portanto, as imagens distribuídas para o mundo todo. Agora, ela diz que sua filha, Lourdes, não deve assistir aos shows de Christina, pois diz que esta é "muito sexy para minha filha". Ora, qualquer pai ou mãe de primeira viagem sabe que o exemplo, e só este, convence e educa os filhos. Não adianta eu dizer ao meu filho que não beba se eu estiver com um copo de cerveja na mão. Que não fume, com um cigarro na boca. Que não corra demais, acelerando fundo. Assim, além de ser cretino e hipócrita, é patético o que Madonna está fazendo. Ou ela acha que sua filha não vai ver as imagens de sua mãe dançando, rebolando, toda sexy, além desta, beijando Christina Aguilera?
Antes que comecem a me acusar de moralista, esclareço. Não fiquei chocado com o beijo de Madonna e Christina Aguilera (muito menos com seus vídeos). Acho que as pessoas, sejam homens ou mulheres, têm direito a manifestar seu carinho. Tenho certeza que este beijo teve por objetivo recolocar Madonna (que estava em fase decadente) na mídia, além de dar mais visibilidade a Christina Aguilera. Foi um truque do mundo flashion em que todos os veículos embarcaram. O que não dá para aturar, porém, é que ela venha com este papo ridículo e moralista. É a velha história: pimenta nos olhos dos outros é colírio. Ou Madonna nunca pensou que existiam milhões de crianças que a assistiam?
Enfim, os ídolos podem ser facas de dois "legumes". Servem como referência, normalmente positiva. Mas podem servir de referência negativa, em especial para jovens adolescentes. A responsabilidade é muito maior.
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