O meu amor pela Moda

Vim parar na Comunicação por causa da Moda. Foi meu encantamento pela publicidade da Benetton e pelo trabalho fotográfico maravilhoso do Oliviero Toscani que me fez mergulhar neste mundo. Sim, meu primeiro vestibular foi dividido entre a Publicidade e o Jornalismo (era a única opção na federal de Santa Catarina). Meu acesso às revistas de Moda e afins não era dos maiores quando eu era novinha lá em Criciúma, mas vivia grudada na Capricho quando ela ainda era 'A' revista de adolescente, e foi lá que li sobre a escola de criatividade do Toscani. Ali decidi que queria viver disso e com isso.

As revistas que a minha mãe comprava, a Folha de São Paulo que meu pai assinava e que só chegava lá no final do dia, também faziam parte de como eu me informava sobre Moda. Na época, as grandes referências eram Regina Guerreiro e Cristina Franco. Não perdia uma coluna delas no Jornal Hoje. Era tudo mágico e muito fora do meu alcance.

Buscava as referências e, depois, ia para as lojas catar algo que pudesse ter a ver com aquilo ou ia para a costureira dar um jeito de fazer algo parecido. Lembro uma vez que uma amiga esqueceu um casaco do Reinaldo Lourenço dentro do carro do meu pai voltando de uma festa e no outro dia eu revirei a peça olhando cada detalhe. Era a perfeição, ali, nas minhas mãos.

Era um mundo sem internet. Para saber o que tinha acontecido nas passarelas do mundo e no Brasil, quando Paulo Borges tomou as rédeas da semana de moda, a gente comprava uma revista, nem lembro de que editora era, com um compilado de tudo. Ficava babando, achando que nada daquilo um dia estaria por perto. E, pode parecer estranho, mas assim que fui guiando meu caminho profissional. Lembro que a primeira Vogue que eu comprei, num mercadinho lá no Arroio do Silva (SC), no Verão de 1998. Tinha a Gisele Bündchen na capa, que depois foi arrancada para dar de presente para um colega no primeiro ano de faculdade, que era apaixonado por ela.

Fui fazer Jornalismo em Floripa e, onde eu podia, eu enfiava a Moda. Tinha que montar um projeto gráfico: revista de Moda. Tinha que montar um site: site de um estilista. Tinha que escrever sobre jornalismo cultural: Moda. Sim, Moda é Cultura, meu povo! Tinha que fazer programa na rádio online do curso: Moda. De tanto incomodar com o assunto, uma professora montou uma disciplina de Jornalismo e Moda. No ano que me formei, já tinha sido criada a cadeira de Jornalismo e Moda II. No meio da faculdade, fiz um curso de Estilismo e Coordenação de Coleção para ver se era a área que eu queria seguir mesmo, por insistência da minha mãe. Eu já tinha certeza. Inclusive, fiz vestibular para Moda na Udesc, mas, infelizmente, não passei. Na disciplina de Comunicação Institucional, juntei-me a colegas para montar um site sobre Moda de Santa Catarina, fotografei e cobri mais de uma edição de eventos por lá. No fim das contas, meu projeto de final de curso foi a cobertura do décima edição do Beiramar Fashion, em 2001, na época o único evento do Estado.

Todo mundo que ia viajar para fora do País, meu único pedido era: traz uma Vogue para mim dos países onde tu passar? E assim fui construindo um mundo meio paralelo. Digo isso porque nunca consegui trabalhar diretamente com Moda. Mas continuei estudando o assunto. Tentei fazer meus trabalhos finais de MBA com uma marca de Moda, mas não deu muito certo. Mas, na dissertação do Mestrado, me joguei neste mundo de novo estudando a Publicidade da Diesel. Na volta para a graduação, agora em Relações Públicas, fiz alguns trabalhos sobre tatuagem, um documentário curto e um projeto cultural sobre Moda Autoral em Porto Alegre.

E porque este histórico todo? Porque estamos em plena semana de Moda em São Paulo e hoje consigo acompanhar toda a evolução da Moda brasileira quase em tempo real. Se não pelos sites oficiais do evento e dos estilistas, sigo observando pelos olhares dos amigos jornalistas, blogueiros, profissionais da área, tão apaixonados por Moda como eu. É uma relação diferente. Algumas vezes estranha pra mim. Por um lado, a espontaneidade é maravilhosa, por outro, deixa-me ansiosa porque parece que estou perdendo um monte de coisa legal que acontece ao mesmo tempo. Infelizmente, não posso ficar me deliciando o dia inteiro com isso, mas, depois que o dia oficial termina, olho os stories de quase todo mundo. Uma coisa é fato: a Moda continua aqui neste ser em algum cantinho só esperando a hora de acontecer. E nunca é tarde para sonhar, não é mesmo? Até porque a vontade de trabalhar com o maravilhoso do Paulo Borges ainda está vivíssima.

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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