O que fazer??

Matéria recentemente veiculada diz que é possível utilizar os vários campos elétricos do corpo humano para fazer troca de arquivos e informações, como ocorre …

Matéria recentemente veiculada diz que é possível utilizar os vários campos elétricos do corpo humano para fazer troca de arquivos e informações, como ocorre hoje entre os computadores. Ou seja, um casal, na cama, pode fazer downloads e uploads. O nome do invento é RedTacton, que faz parte do Human Área Network (HAN). Se ambos do casal estiverem equipados com o sensor, podem trocar arquivos de música, mensagens, etc.
Bom, e daí? Daí que a questão está cada vez menos na quantidade de informações trocadas. A rapidez na troca ruma para a instantaneidade. Com o clicar do mouse, faremos a troca instantânea de um número gigantesco de informações. Assim, a questão não está mais no volume e tráfego de informações, mas no que podemos fazer com estas informações.
Nosso cérebro tem um limite no processamento de informações. Muitos dizem que usamos um pequeno percentual da nossa capacidade cerebral. Seja como for, o fato é que temos um limite. Além do limite cerebral, há um "limite emocional". Ou seja, nosso funcionamento psíquico, nossas emoções, influem de forma direta no que absorvemos, processamos e armazenamos em termos de informação. Portanto, não adianta tentarmos entupir alguém de dados aos baldes, pois sua capacidade é limitada. Mais ou menos como quando o filho não quer comer mais. Gostaríamos poder colocar a comida de funil, para que ele se alimentasse. Dispositivos como o RedTacton são os funis da era moderna.
Ainda a questão da informação. As pessoas estão cada vez mais contaminadas pela já nomeada ansiedade de informação. Diante de um mundo tão conectado, em que podemos ter acesso a tudo, as pessoas querem saber, ler, ouvir e ver tudo, o que é, naturalmente, impossível. Mas elas ficam nesta busca ensandecida, de ler mais, acessar mais, ver mais. Ou seja, um processo ansioso.
Para um casal na cama, não sei se a melhor atividade seria trocar arquivos, fazer uploads e downloads. Será que eles não encontram uma coisa mais interessante para fazer numa cama, a dois?
Está bem, mas esta possibilidade de troca instantânea de informação entre as pessoas pode não ter só aspectos ruins. Podemos encará-la também como uma intensa troca de emoções, percepções e gostos. Se eu faço troca (de arquivos) com alguém, esta pessoa terá acesso a meus gostos (arquivos de música, por exemplo), se tornando mais íntima(caso ela já não seja). Para troca de documentos, ela poderá ficar sabendo de coisas igualmente pessoais. E, ainda, se eu permito que alguém acesse meus arquivos (atualmente, há como bloquear este acesso nos microcomputadores), estou literalmente "me abrindo" para esta pessoa, fazendo com que ela se torne mais próxima. A questão é que esta troca de arquivos não venha a substituir outras trocas. Como o próprio sexo. Há coisas substituíveis na vida. Outras, nem pensar. Não posso imaginar um casal, depois de uma troca de arquivos, conversando: "Foi bom para você?". Resposta: "Ahhh? que download".
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