Opções nem tão opcionais

O que é mais engraçado: um bom sujeito tentando parecer um idiota ou um idiota querendo aparentar o que não é? O que é …






























O que é mais engraçado: um bom sujeito tentando parecer um idiota ou um idiota querendo aparentar o que não é?

O que é pior: propaganda que insulta a nossa inteligência ou a que elogia a nossa burrice?


O que é mais vergonhoso: roubar e não poder carregar ou furtar e ser preso pela mesma polícia que não trancafia grandes ladrões?


O que é mais fácil: varrer os problemas pra debaixo do tapete ou vender o tapete pra resolver os problemas?


O que é preferível: ser traído pela mulher com nosso melhor amigo ou ser passado pra trás com um desconhecido qualquer?


O que é mais comum hoje em dia: gente tratada como animal ou bicho de estimação cuidado como ser humano?


O que é mais angustiante: um elevador que você pega de madrugada e não pára em andar nenhum ou um que pára em todos os andares sem você solicitar?


O que dói mais: uma injeção no nosso traseiro ou uma aplicação no bumbum do filhinho recém-nascido?


O que é mais perigoso: abrir uma carteira recheada em plena rua da Praia ou a carteira vazia no caixa de um supermercado?


O que é que dá mais pena: uma ave depenada pela gurizada da zona ou uma garotada que nem sabe o que é depenar uma ave?


O que é melhor: se apaixonar pela primeira vez ou amar novamente?


O que é mais sensacional: manter-se numa corda-bamba entre uma torre de
tv e a chaminé do Gasômetro ou equilibrar-se no orçamento do salário-mínimo?


O que é mais vantajoso: comprar um produto defeituoso vendido abaixo do preço de custo ou adquirir um artigo perfeito a preço exorbitante?


O que é mais aborrecido: uma pessoa sem idéias ou outra que pensa que tem todas?


Etc.

Discurso sem curso

Meus conterrâneos, concidadãos e contemporâneos:


Convidaram-me a dizer-lhes algumas palavras. Não sei quantas, exatamente.
Algumas não são muitas e poucas não chegam a tantas. Aliás, algumas é uma palavra que contém várias. E várias subtende outras. Mas várias palavras é mais do que deve ser dito, embora várias seja uma palavra só e não dê o recado todo. Fico tentado a proferir certas palavras, em vez de palavras certas. Talvez escolha as erradas e aí elas serão em maior número, errando eu na quantidade e na
qualidade da mensagem. Se eu me decidir por determinado número, não estarei falando a ninguém e sim pronunciando algarismos que, tenho certeza, nada acrescentarão à minha declaração. Palavras, palavras, palavras: é isso que me pedem. Tomem-nas de mim. Façamos isso civilizadamente, com a calma que não se vê mais por aí. Eu as darei sem nenhuma solenidade, e vocês as apanharão no ar, ao sabor da audição. Para evitar tumulto entre aqueles que querem mais palavras, eu as repetirei. Há para todos. Não, não é A para todos. É no plural: as para todos. Não confundam com ás para todos. Não trouxe baralho e tampouco sou piloto exímio. Puxa, fiquem quietos: está bem,m além de aa darei as demais vogais. As à vontade. Sim, as à vontade. E outras letras também. Sílabas inteiras. Não se afobem. Vou gritá-las mais alto. Esperem elas chegarem a vocês! Esperem que caiam em sua compreensão. Esperem! Não deixem as minhas palavras perderem o sentido! Calma, ouvintes. Minha língua pode produzir todos os sons que quiserem! Não, fiquem longe! Não! Não metam a mão na minha boca! Neg ftasm depiw frax!

Um bom blog puxa outro.

Ter um traço pessoal é tudo. É como impressão digital, repassada pro papel. Marca registrada, feita pelo polegar e indicador, unidos no exercício de uma expressão única. O artista desenha e sua assinatura visual assume uma autoria intransferível, de tão incomparável. De Jaguar a Millôr, de Carlos Estevão a Henfil, de Santiago a Edgar Vasques, de Canini a Rodrigo Rosa, de Sampaulo a Moa, de Miran a Solda, de Angeli a Laerte, de Crist a Fontanarrosa, de Quino a Tabaré, de Saul Steinberg a Ralph Steadman, de Ronald Searle a André François, de Sempé a Chaval, de Bosc a Reiser - admirável lista interminável - , de cada um e de todos, a síntese gráfica da personalidade: simples riscos elevados à categoria de identidade. Por isso, a esses e a tantos outros, o reconhecimento universal, entre milhões de irreconhecíveis no deslizar da pena. Tudo isso pra indicar o blog do Solda, cartunista de Curitiba. Se não chega a ser um instituto de identificação, já é, pelo desfile diário de traços marcantes, uma janela eletrônica institucional do humor. Inspiração para, aqui em POA, a futura vitrine do DNA gráfico gaúcho de todas as técnicas, gêneros e experiências: vem aí o blog da Grafar - Grafistas Associados do RS. Você nunca viu tantos chargistas, cartunistas, caricaturistas, ilustradores e quadrinista juntos. Quem ver, rirá.

Autor
Fraga. Jornalista e humorista, editor de antologias e curador de exposições de humor. Colunista do jornal Extra Classe.

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