Sexo e violência fazem esquecer

      Conforme um estudo recentemente divulgado pela Universidade Estadual de Iowa, nos EUA, os telespectadores têm mais dificuldade em lembrar dos comerciais que assistiram se …

      Conforme um estudo recentemente divulgado pela Universidade Estadual de Iowa, nos EUA, os telespectadores têm mais dificuldade em lembrar dos comerciais que assistiram se os mesmos foram apresentados nos intervalos de programas com forte conteúdo sexual e violento.
      Conforme os pesquisadores, as razões para este fenômeno ainda não estão claras. Mas uma das explicações seria a de que sexo e violência atraem muito a atenção dos telespectadores, mais do que outro tipo de programação. E que, portanto, diminuiriam o interesse ou atenção nos comerciais. (A pesquisa pode ser encontrada na edição de junho do "Journal of Applied Psychology", em www.apa.org/journals/apl.html).
      Esta informação é extremamente interessante. Ou seja, para que os anunciantes tivessem melhor resultado, segundo a pesquisa, deveriam preferir incluir as inserções nos espaços dos programas neutros. Isto mostra que, apesar de nossa evolução fantástica como espécie, são algumas manifestações primitivas que dominam nossa atenção.
      Fica uma dúvida, em especial para as agências de propaganda e anunciantes: se a programação com conteúdo de sexo e violência é a que mais atrai, certamente será a de maior audiência. É este, portanto, o melhor espaço para anunciar. Por outro lado, a taxa de memorização dos comerciais é menor e, portanto, seria melhor anunciar em horários onde houvesse programação com conteúdo neutro. Porém, estes horários devem ter também menor audiência.
      Como se vê, se os dados desta pesquisa realmente confirmarem uma tendência (de menor memorização dos comerciais), estamos diante de um momento de reflexão e impasse para agências e anunciantes.
Vigilância total
      A onda que tomou conta do mundo e principalmente dos americanos depois de 11 de setembro foi a de vigilância total. Na realidade, já era uma tendência americana (a vigilância), mas se acentuou bastante depois do atentado, por razões óbvias. Câmeras (6 mil somente em Nova York), sistemas de controle sobre o deslocamento das pessoas, caixas automáticos para saque de dinheiro, tudo serve como base para fornecer informações a respeito dos hábitos e da vida dos cidadãos americanos e estrangeiros.
      Conforme a Folha de São Paulo do último domingo, uma loja, a Once Famous, de Minneapolis (Estado de Minnesota), monitora absolutamente todas as reações de seus clientes. A loja de departamentos inteira tem centenas de câmeras de circuito interno de TV, microfones ultra-sensíveis e uma central de última geração onde se concentram os monitores.
      É monitorado o tempo que uma pessoa ficou parada diante de um produto, qual cartaz de ofertas foi mais observado, quem riu, quem fez cara feia, qual preço despertou comentários.
      Na seção de perfumes, cataloga-se qual perfume foi cheirado, e que reação despertou. Na de roupas, qual permanece intocada o dia inteiro. O único lugar sem vigilância de qualquer tipo são os provadores, por motivos óbvios.
      Não sei, por não ter dados disponíveis, como se sentem os clientes da loja quando sabem desta vigilância extrema. Certamente este monitoramento todo dá resultado. Aumenta a margem de acerto. Apesar disto, há um fator imponderável em marketing e nos negócios. Os executivos das grandes empresas tentam tornar marketing uma ciência exata. Mas não conseguem, pois o fator imponderável é a mente humana. Por mais que demonstremos tal coisa, consumamos isto ou aquilo, temos razões para nossas escolhas que a própria razão desconhece. Podemos ter uma reação dentro da loja, depois refletirmos e passarmos a adotar postura diferente. Nossa inteligência e capacidade de reflexão nos tornam imprevisíveis, ao menos totalmente. Apesar disto, é claro que as empresas devem continuar fazendo esforços para se aproximarem cada vez mais do (utópico) "erro zero".
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