Uber e youtubers

A recente votação do projeto que regulamenta a atuação de aplicativos de viagens (como Uber, Cabify, 99Pop, etc) parece ter tido um vencedor: a própria Uber (que se você ainda não atentou, caro leitor, saiba: eles têm todos os seus dados e hábitos, estamos na era da Big Data) enviou um email para seus usuários, em que diz que a mobilização de todos levou à conquista de um primeiro round (palavras minhas), mas que agora, por ter sido modificado, o Projeto de Lei Complementar 28/2017, vai para a Câmara dos Deputados. E que, portanto, a mobilização segue. Mas o tom é claramente de vitória. Porque a maioria dos seres humanos não quer estar ao lado de derrotados, mas porque foram retirados pontos importantes e que inviabilizariam o transporte por aplicativos.

O que está em jogo aqui é que a novidade se impôs. Não há mesmo como retroceder. Um mercado cativo em que atuavam os táxis foi literalmente invadido por Uber, Cabify e ainda surgirão outros, com certeza. E se o Senado foi sensível à novidade, certamente o foi por pressão da sociedade. A novidade, em muitos casos, se impõe de forma tal que é fatal (com o perdão do trocadilho infame). Antigas estruturas ficam definitivamente para trás. Tirando em situações muito específicas, quem quer andar de carruagem? Quem quer utilizar celulares que não sejam smartphones? Quem ainda compra rádios de pilhas (sei que ainda há um mercado cativo para este produto, mas que está decrescendo)? Quem compra câmeras digitais (exceto fotógrafos profissionais)? Certas coisas se vão para nunca mais.

Por outro lado, há as novidades nem tão novas. Por ter um filho adolescente de 16 anos, acabaram chegando até mim vídeos de youtubers (o depoimento que posso dar é o dos youtubers para adolescentes do sexo masculino) ou mais modernamente, influenciadores digitais. Se formos analisar a maneira de se comunicarem, há muitos, mas muitos elementos semelhantes aos da antiga TV aberta (digo antiga porque as novas gerações simplesmente passam cada vez mais longe da TV): eles se colocam em situações vexatórias ou dolorosas, apelam a elementos bizarros, falam bastante alto (que é um recurso dos comerciais de TV de varejo) e trazem como verdades elementos tirados sabe-se lá de onde, são superficiais. Se formos ao projeto anterior, a TV aberta, estes elementos já estão todos lá.

Isto porque há certas coisas que mudam sem mudar(caso destes youtubers) em essência. "...Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.", como cantava Elis Regina. Porque há um fator chave neste processo todo: o humano. Há elementos mobilizadores no ser humano. Ou quantas vezes se viu um congestionamento de carros causado por uma batida (se há feridos ou mortos, então, o congestionamento é maior), quantas vezes você viu(ou talvez tenha ficado em frente à TV) vendo coisas escabrosas, alguém que tenha se colocado em situação vexatória ou de sofrimento (dor) física, maridos e esposas que "brigam" em frente às câmeras e por aí vai?

Há o novo que vem para nunca mais. Mas há o antigo que se impõe ou nunca deixa de aparecer. Falo antigo mas não quero dizer necessariamente ultrapassado. O fator humano, por exemplo, é determinante em toda a história da humanidade. Nós nos modificamos com o passar dos séculos em muita coisa. Progredimos (descobertas científicas e tecnológicas, convívio social mais civilizado (ou pretensamente mais civilizado, porque há barbaridades que simplesmente modificam a sua forma)), melhoramos. Mas se antes o imperador fazia o gesto do polegar para baixo na arena romana, para delírio de milhares de pessoas, hoje são índices de sucesso de determinadas iniciativas(cito uma e me entenderão: Big Brother) que fazem com que a coisa mais primitiva do ser humano se manifeste.

A esta altura você me fará a fatídica pergunta: então você acha que devo modificar minha empresa ou produto ou devo mantê-la totalmente como está, com seus produtos idem? Dependerá de uma série de fatores, que o olhar atento, o conhecimento, as pesquisas, a experiência e por fim a experimentação poderá responder. Não há resposta pronta que valha para todas as iniciativas. Ou melhor, há uma que não pode faltar a nenhum empreendedor: persistência e trabalho, muito trabalho. Com conhecimento de causa, por favor!

DICAS DO GUION

Infalível há 22 anos, mas sem perder o rumo da modernidade, o Guion traz as novidades para você entrar em contato com o que o Brasil e o mundo pensam. E nesta semana de 02 a 08/11, muitas são as novidades. Aproveite o ambiente climatizado, o bom café antes ou depois do cinema (isto não muda) e vá até lá! www.guion.com.br

PRÉ-ESTREIAS:

O Outro Lado da Esperança (Drama-Comédia, Finlândia-Alemanha, direção de Aki Kaurismäki, 98 min)

Borg vs McEnroe (Biografia-Drama, Dinamarca-Suécia-Finlândia, direção de Janus Metz Pedersen, 100 min)

ESTREIAS:

Deserto (Suspense, México-França, direção de Jonás Cuarón, 88 min)

Terra Selvagem (Suspense, EUA, direção de Taylor Sheridan, 110 min)

Gabriel e a Montanha (Aventura-Drama, Brasil-França, direção de Fellipe Barbosa, 131 min)

El Amparo (Histórico-Drama, Venezuela, direção de Rober Calzadilla, 99 min)

E as continuações com sucesso de O Formidável, Manifesto e O Melhor Professor da Minha Vida. Ou seja: as novidades em profusão!

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