Um sábado sem esforço

      Vou aproveitar que a clônica mudou para segunda-feira (apenas nesta semana) e contar um pouco do que se pôde ver e ler em um …

      Vou aproveitar que a clônica mudou para segunda-feira (apenas nesta semana) e contar um pouco do que se pôde ver e ler em um sábado comum em Porto Alegre sem fazer esforço.
      "Código Desconhecido", de Michael Haneke, no cinema. Marquês de Sade e Nove Meses (versão francesa) por cabo. Amílcar de Castro, de passagem no Santander, e, na seqüência, um belo domingo. Passou pelo computador Marcos Rolim contra o Big Brother e eu concordo com o primeiro. O tempo é precioso demais para não vivê-lo em frente a tv.

      O filme francês, alemão e romeno (ao mesmo tempo), "Código Desconhecido", no Santander, deu um alerta para o fato de que não sabemos quantos códigos existem no mundo e nem sequer dominamos aqueles que possamos conhecer. São tantos estes tais códigos! O filme dá uma provinha disso naquilo que narra e na sua forma de apresentação. (Gostaria de ter entendido algumas narrações feitas por deficientes auditivos e também uma história contada por uma negra africana-muçulmana. O filme deve ter sido outro para quem compreendeu todos os códigos.) A câmera ininterrupta dá a dimensão de desespero em diversos dramas, narrados como em teatro, com muita interpretação, enganando a gente. Tem vezes que lembra um documentário misturando a vida e a arte no cinema.
      Em uma revisita a Amílcar de Castro, no Santander, pude apreciar a montagem das obras centrais, como em um ateliêr. Era como se a arte e a saudade da arte tivessem virado resíduo de museu. É um pouco um túmulo, o Santander, como o é uma igreja. Santo, morto e maravilhoso.
      Falando em morte e sagrado, foi um momento muito legal ver e ler Karin Lambrecht falando sobre "o sinistro", na excelente matéria do Caderno de Cultura de Zero Hora sobre onde trabalha a pintora e sua obra minimal-visceral, que ocupa uma sala especial na 25ª Bienal Internacional de São Paulo que inicia a partir do próximo dia 23, em São Paulo. São raras as vezes em que as artes visuais surgem na imprensa assim tão de pertinho. Até aquela foto com pouca luz ficou especial. Reproduzo as páginas nesta clônica para não esquecer, e talvez porque tenham me impressionado as coincidentes referências. A Quintino, dita com aquela familiaridade, ver a própria Karin? Me ocorreram lembranças de vê-la em exposições na galeria Tina Presser, em outras épocas. E ela já era Karin Lambrecht. Lembro tão bem e a revi no jornal. Coisas de fã. São raras Karin Lambrecht passando por páginas de jornal e em nossas vidas.
      Nossa cidade está de parabéns. Foi um belo sábado, sem esforço.
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