"Que lésbicas, gays, bissexuais e travestis são estes nas novelas?" Desta forma, a jornalista e pesquisadora em Estudos de Gênero e Mídia, Fernanda Nascimento, iniciou sua reflexão a respeito da representatividade da comunidade LGBT na teledramaturgia da Rede Globo. A participação da comunicadora fez parte do I Ciclo de Humanidades e Diversidade, promovido pela ESPM-Sul, na manhã desta quarta-feira, 8, na sede da Escola, em Porto Alegre.

Fernanda esclareceu que existe diferença entre identidade de gênero e sexualidade. Para exemplificar, usou a personagem Ivana, vivida por Carol Duarte, em A Força do Querer, que se descobriu transgênero gay ao longo da trama, passando a se chamar Ivan. "As pessoas não conseguiam entender a diferença, porque no final ela ficou com o ex-namorado", disse, explicando que nem todo trans é homossexual.

A autora do livro 'Bicha (nem tão má): LGBTs em Telenovelas' falou que os LGBTs são classificados de forma homogênea. "Cada letra destas representa uma parcela da população que está reivindicando uma identidade e uma política que os reconheça como sujeitos." Para escrever a obra, assistiu às novelas da Globo desde a década de 1970. "Elas apontam lésbicas monogâmicas e discretas e gays solteiros e extrovertidos", avaliou, acrescentando que, do total visto, identificou 126 personagens homossexuais, dos quais apenas quatro eram representados por atores negros.

Fernanda também destacou que, no livro, registra a percepção de que existe uma visibilidade à comunidade LGBT, mas que ainda é restrita e regulada, deixando uma parcela de pessoas sem voz e marginalizada. "Os sujeitos são mais complexos do que suas sexualidades. Um ponto importante da novela é que, ao contrário de um telejornal, ela permite uma discussão de nove meses sobre o assunto", disse, ressaltando a importância do entretenimento para reflexão de problemas sociais e da construção e entendimento das identidades.

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