Afonso Motta diz desconhecer envolvimento na Operação Zelotes

Deputado federal foi citado nas investigações da PF sobre corrupção em órgão federal

Citado nas investigações da Polícia Federal sobre o esquema de corrupção no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, o deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) se disse constrangido com a acusação, "mas com coragem para enfrentar a situação". A declaração foi dada há pouco, em entrevista do parlamentar ao jornalista Felipe Vieira, no programa Agora, da Rádio Guaíba. Motta era vice-presidente jurídico e institucional do Grupo RBS por pouco mais de 10 anos, até sair para concorrer à Câmara, em 2009, e seu nome consta no inquérito que apura suspeitas de participação da empresa de comunicação em casos de corrupção no Carf.
"Preciso ter conhecimento dos fatos. Hoje sou parlamentar e preciso estar bem informado para poder dar maiores esclarecimentos e poder falar sobre isso", disse Motta. "Com todo o respeito, me reservo o direito de fazer esta colocação. Não tenho nenhum conhecimento dos fatos nem qualquer possibilidade de fazer alguma defesa", acrescentou. Ele detalhou que, quando atuava no setor jurídico do Grupo RBS, era responsável por todos os temas da área, "contratando advogados, trabalhando com casos complexos". Sobre a causa envolvendo o grupo RBS no CARF, informou que já teve seis julgamentos, dada sua complexidade.
Ao jornal Folha de S.Paulo ele informou, ontem, que, após sua saída do Grupo RBS, "houve decisão desfavorável à empresa. A reversão da sentença ocorreu depois. Vejo a citação do meu nome como algo natural, pois trabalhei no período que corresponde a etapa da investigação. Porém, não posso comentar sobre a investigação, porque não fui notificado de nada". Ele tem foro privilegiado, enquanto deputado federal, e só pode ser investigado com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
O site do Correio do Povo noticiou que o Grupo RBS informou em nota que Motta deixou a empresa em 2009 para exercer carreira política. O grupo não comentou a investigação da Polícia Federal sobre a atuação da RBS, que teria cometido fraudes descobertas a partir da Operação Zelotes, deflagrada pela Polícia Federal em abril. O Carf funciona como tribunal administrativo, responsável por julgar recursos de empresas autuadas pela Receita Federal por deverem impostos. Segundo investigações, conselheiros recebiam propina para votar em favor de redução e até do perdão das dívidas. O contato era feito por intermediários. Lobistas, escritórios de contabilidade ou de advocacia eram responsáveis por cooptar empresas dispostas a pagar propina a conselheiros do esquema, em troca de influência nos resultados dos processos.

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