Guilherme Moscovich Crédito: Tri Produções
O aluno Guilherme Moscovich será o primeiro estudante com síndrome de Asperger - tipo leve de autismo - a realizar 100% do curso de Jornalismo no campus Porto Alegre da Unisinos. Após quatro anos e meio, Moscovich colará grau em cerimônia marcada para o sábado, 30. Aos 23 anos, o universitário comentou que o período dentro da universidade foi de aprendizado. "Os professores são qualificados e souberam me ensinar muito bem. Aprendi bastante com eles e com os meus colegas", avaliou, em entrevista ao Coletiva.net. Contou também que planeja atuar em televisão, rádio e jornal impresso após receber o diploma.
Para o professor Felipe Boff, que orientou o aluno no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o estudante foi dedicado na pesquisa e foi aprovado plenamente na banca de avaliação. "Foi um desenvolvimento muito tranquilo, pois o Guilherme sempre esteve comprometido com as tarefas. Sempre foi muito diligente", destacou ao portal. Sobre a relação com o orientador, Moscovich se mostra muito grato. "O Felipe foi uma surpresa e, desde o começo, ele foi muito disponível. Ele me ensinou bastante e me trouxe diversos materiais. Eu agradeço muito ao Felipe. Sem ele eu não teria conseguido a aprovação. Devo isto a ele", reconhece.
Além do envolvimento com as aulas, que, segundo Boff, o aluno nunca chegou atrasado ou saiu mais cedo, o professor salientou, ainda, que os colegas abraçaram Guilherme e foram bem receptivos com ele. "As relações que ele construiu na faculdade facilitaram o crescimento dele. Houve uma troca muito grande", apontou, e disse que aposta no potencial do orientando. "Desejo que ele continue como ele é. Ele já provou que é capaz de fazer o que quiser. Também desejo que ele busque novos desafios, porque eu tenho certeza de que ele é capaz de superar qualquer coisa", afirmou.
Para que o filho pudesse cursar, a mãe do formando, Sandra Moscovich, dialogou com a coordenação para comunicar a condição de Guilherme. A atual coordenadora do curso de Jornalismo do campus Porto Alegre, Thais Furtado, comentou que a família esteve sempre presente e que nunca superprotegeu o estudante. "Os pais mantinham diálogo permanente conosco, mas ele era muito independente, superaplicado e responsável", destacou.