ARP se decepciona e cancela a terceira edição do Criarp

Enquanto no passado havia mais de mil inscrições, desta vez apenas 324 peças foram apresentadas

Em 2014, DM9Sul e Paim foram premiados no quesito Ideia do Ano
A Associação Riograndense de Propaganda (ARP) comunicou nesta sexta-feira, 15, o cancelamento da edição 2015 do Criarp (Prêmio Criatividade ARP). Em carta aberta ao mercado, a diretoria da entidade faz um balanço dos resultados obtidos nos últimos anos e compara os números alcançados nesta que seria a terceira edição. De 1.043 trabalhos inscritos na primeira edição, em 2013, o concurso recebeu neste ano apenas 324 peças. Além disso, a entidade afirma que a realização do prêmio resultaria em um custo de R$ 50 mil aplicados nas fases de julgamentos e evento, "afetando a saúde financeira da entidade para o ano todo e comprometendo a próxima gestão".
A questão financeira não é a única razão para o cancelamento. A entidade questiona quais motivos levaram ao desinteresse do mercado: desta vez, apenas um fotógrafo e duas produtoras se inscreveram, e 23 empresas - 13 delas agências - que participaram em 2014, não se apresentaram neste ano. Por tudo isso, a entidade se questiona: "O Criarp não tem valor? A modelagem da premiação está equivocada? Os júris deveriam ser de fora do RS? O evento poderia ser diferente? Avaliar apenas as peças, sem contar pontos para empresas e profissionais do ano, se mostrou um equívoco? Ser no primeiro semestre é ruim? Seria melhor estar no final do ano, dentro da Semana da Comunicação? Fazer no fim do ano mesmo que continuasse no formato antigo ou mudando ainda mais do que já foi mudado?".
Às 28 empresas inscritas, a ARP agradeceu por acreditarem no evento e informou que, nos próximos dias, serão indicados os procedimentos para ressarcimento. Ao fim da carta, a associação convoca o mercado publicitário a debater os rumos do prêmio em reunião na quinta-feira, 21, às 19h, no auditório da ARP (Rua Tobias da Silva, 120). "Lá vamos decidir, juntos, se existe algum formato para termos uma premiação regional valorizada", finaliza o texto.
Leia a íntegra do comunicado.
CARTA ABERTA AO MERCADO GAÚCHO: ARP CANCELA O CRIARP 2015
A atual diretoria da ARP tem construído, junto com o mercado publicitário gaúcho, avanços importantes. Inauguramos a nova sede, redefinimos a premiação do Salão da Propaganda com votação popular, incrementamos o Jantar da Propaganda, criamos uma nova premiação de peças (CRIARP), construímos conteúdo relevante na Semana da Comunicação, voltamos a ter o Anuário de Criação impresso com alta qualidade, colocamos a ARP como única entidade regional membro permanente do FORCOM (Fórum Nacional de Comunicação) e aumentamos as parcerias com outras entidades e eventos (que geram cortesias e descontos para associados), além de muitas outras iniciativas.
Tudo isso gerou um resultado expressivo. O número de associados da ARP cresceu 30%, aumentou o público na Semana da Comunicação, o Jantar da Propaganda bateu recordes de vendas e a ARP tem mais recursos em caixa, mesmo com custos gerados pela nova sede - graças ao apoio fundamental dos patrocinadores e das principais agências do mercado, que, numa ação inédita, se uniram no ano passado para apoiar a ARP e a Semana da Comunicação.
Agora, esta diretoria da ARP está tomando uma difícil, mas necessária, decisão: a de cancelar a edição 2015 do CRIARP. Há mais de 30 dias buscamos construir alternativas para evitar esse desfecho. Mas, infelizmente, ele se tornou inevitável.
O CRIARP foi concebido como uma premiação nos moldes do Clube de Criação de São Paulo (CCSP): focada apenas em premiar os melhores trabalhos, em um formato com categorias mais contemporâneas e, além disso, com custos menores de inscrição, abrindo para mais empresas e diminuindo a necessidade de investimentos. Somente as peças premiadas teriam uma taxa de inserção para serem impressas para sempre no Anuário de Criação. Assim, olhando apenas as peças, sem contar pontos para escolha de agência, empresas e profissionais do ano, o CRIARP tirou o foco do volume de peças, que contaminava a avaliação final e, muitas vezes, distorcia resultados e criava polêmicas desnecessárias. Um pedido de anos do mercado que foi atendido pela diretoria da ARP.
Neste novo modelo, na primeira edição, o CRIARP foi um sucesso, ampliando o número de peças e empresas inscritas em 46% em relação ao antigo formato. Praticamente todo o mercado participou. Porém, o que parecia ser um anúncio de novos tempos não se confirmou. Já na segunda edição do CRIARP houve uma queda significativa nas inscrições. De 1.043 peças inscritas em 2013, tivemos apenas 691 inscritas em 2014, além de uma redução de 20% no valor arrecadado, o que deixou o evento no limite da sua sustentabilidade financeira.
Contudo, neste 2015, o cenário foi ainda pior: apenas 324 peças inscritas, menos da metade do ano anterior e quase um terço a menos do que na primeira edição. E isso que o período de inscrição foi prorrogado por duas vezes. No aspecto financeiro, outro desastre: a ARP teria que endividar-se em mais de R$ 50 mil para realizar os julgamentos e o evento de premiação, afetando a saúde financeira da entidade para o ano todo e comprometendo a próxima gestão.
Diante disso, resolvermos cancelar o CRIARP. Isso se deve também à questão financeira, mas não somente a ela. Afinal, é de nos perguntarmos todos: o que aconteceu? Qual a razão do desinteresse?
Quantos fotógrafos existem no mercado? Apenas 1 se inscreveu no CRIARP. Quantas produtoras de vídeo? Apenas 2 se inscreveram. E produtoras de áudio? Apenas 2 se inscreveram. Estúdios de ilustração? Apenas 1. E 23 empresas que participaram no ano passado, neste ano não se inscreveram, 13 delas agências.
O CRIARP não tem valor? A modelagem da premiação está equivocada? Os juris deveriam ser de fora do RS? O evento poderia ser diferente? Avaliar apenas as peças, sem contar pontos para empresas e profissionais do ano, se mostrou um equívoco? Ser no primeiro semestre é ruim? Seria melhor estar no final do ano, dentro da Semana da Comunicação? Fazer no fim do ano mesmo que continuasse no formato antigo ou mudando ainda mais do que já foi mudado?
Ou será que ter uma premiação regional é que não faz mais sentido, nesse mundo cada vez mais sem fronteiras? Onde as agências e produtoras gaúchas estão cada vez mais olhando para Cannes, Wave, FIAP, El Ojo, CCSP e outros? E investindo nesses prêmios os recursos que seriam colocados no CRIARP? (Com muito mais investimento, diga-se de passagem). Ou será que as categorias estanques é que não fazem mais sentido nessa propaganda cada vez mais líquida, onde as plataformas de misturam e os formatos são cada vez mais difíceis de definir?
Ou será que ter suas peças impressas num Anuário já não condiz com esse mundo digital? Ou ter peças definidas por seus pares de mercado não é mais um parâmetro aceitável neste mundo cada vez mais individualista e competitivo?
Ou será que a própria dificuldade da criação gaúcha não construir um Clube de Criação do RS mostra, de fato, a importância que nós damos a ela?
Enfim, a diretoria da ARP tem muitas perguntas. Se o mercado também as tiver, podemos tentar encontrar juntos as respostas. Porque nós continuamos, como sempre estivemos, abertos ao diálogo e à construção coletiva, porque somente eles darão a força e a continuidade para os movimentos que fizermos.
Afinal, ARP não existe por si mesma, e nem o CRIARP. Ambos estão aqui para refletirem necessidades e vontades do mercado. E este mercado está nos dizendo, na maioria, que o CRIARP não tem valor. Nós, humildemente, aceitamos.
Às 28 empresas inscritas no CRIARP 2015, muito obrigado pela crença no valor das ideias, por acreditarem no evento e pela confiança na ARP. Nos próximos dias, entraremos em contato para os procedimentos de ressarcimento, inclusive dos gastos adicionais com a confecção das peças para a inscrição.
Convocamos o mercado para debater o assunto na próxima quinta-feira, dia 21/5, 19h, no Auditório da ARP, Rua Tobias da Silva, 120. Lá vamos decidir, juntos, se existe algum formato para termos uma premiação regional valorizada.
Atenciosamente,
Diretoria ARP

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