Canini será sepultado nesta tarde em Pelotas

Responsável por abrasileirar o personagem Zé Carioca, desenhista tornou-se referência entre ilustradores, chargistas e cartunistas

Está marcado para as 16h desta quinta-feira, 31, no Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, em Pelotas, o sepultamento do desenhista Renato Canini. O artista, cujos traços se tornaram referência entre ilustradores, chargistas e cartunistas, especialmente por abrasileirar o personagem Zé Carioca, morreu nesta quarta-feira, 30, aos 77 anos, vítima de um mal-súbito, decorrente de problema cardíaco. Canini deixa a esposa, Maria de Lourdes.
Como desenhista, transgrediu padrões de roteiros e de desenhos da Disney e até desagradou executivos norte-americanos por reproduzir uma realidade social não tão confortável quanto a do personagem Tio Patinhas, por exemplo. "O meu estilo de desenhar sempre foi um pouco diferente. Eles prezavam por um padrão muito certinho, e isso me limitava, frustrava a minha vontade de criar", contou o desenhista, em entrevista ao Coletiva.net realizada em 2005.
Natural de Paraí, na Serra gaúcha, foi em Frederico Westphalen - cidade na época se chamava de Barril - que Canini viveu grande parte da infância, rabiscando durante tardes inteiras em lajotas na frente de casa. Mais tarde, aos 10 anos, mudou-se para Garibaldi, onde teve o primeiro contato com o cinema e os gibis. A trajetória profissional teve início em 1957 na Revista Cacique, da Secretaria de Educação e Cultura do Estado. Também elaborou charges para o Correio do Povo, TV Piratini, Pasquim, Pancada e outras publicações alternativas.
Na editora Abril, Canini criou o caubói Kactus Kid, uma paródia aos mocinhos do faroeste, publicado na extinta revista Crás!, e o índio Tibica, criado em 1978 para o Projeto Tiras, que  era apontado por ele como uma de suas maiores realizações. Ainda foi colaborador das revistas Patota e Mad, e ilustrou mais de 50 livros infantis, incluindo obras de Erico Verissimo.
Canini não escondia sua relação com a religião e afirmava ter lido a Bíblia uma dezena de vezes. Era fã de Elvis Presley, música evangélica e italiana e costumava afirmar que gostava de sentir a paz na rotina. "Na Bíblia, diz que o ideal para nós é não termos muito além nem aquém do que precisamos para viver", afirmou em 2005 à seção Perfil de Coletiva.net.
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