Cinco perguntas para Daniel Gandolfi

Publicitário fotografou casarões antigos de Porto Alegre com uma máquina analógica

1. Quem é você, de onde veio e o que faz?
Eu sou o Daniel! Sou gaúcho, de Porto Alegre, tenho 28 anos, libriano, apaixonado por propaganda, cinema, música e mais um monte de coisas boas. Apesar de ter um projeto sobre fotografias, ganho a vida mesmo é escrevendo. Sou redator na GlobalComm, onde trabalho em um modelo diferenciado chamado GlobalComm ONE. Atendo exclusivamente à conta da Piccadilly, uma empresa com mais de 56 anos e presente em 90 países, reconhecida pela sua combinação de moda e conforto.
Morei muitos anos no Rio de Janeiro, mas hoje não pretendo sair de Porto Alegre. Gosto muito daqui e do equilíbrio "quase perfeito" entre centro urbano e tranquilidade provinciana. Porto Alegre é um barato!
2. Como surgiu a ideia de fotografar casarões antigos?
Confesso que sempre fui um pouco (ok, bastante) nostálgico. Gosto de coisas de outros tempos, de imaginar a história por trás de tudo. Não sei explicar os motivos dessa paixão por coisas, digamos, antigas, mas ela está espalhada por tudo o que consumo culturalmente, principalmente quando o assunto é música e cinema.
Sobre as casas, acho que posso explicar um pouco melhor: sempre gostei do centro de Porto Alegre - adoro ir para lá no final de semana. Nessas idas e vindas, comecei a reparar de maneira mais séria as diversas casas, sobrados e prédios que cruzavam meu caminho. Às vezes, o aspecto quase abandonado dessas construções me instigava a imaginar coisas do tipo: quem viveu ali e como foi a vida dessas pessoas? Quando foi isso? E eu ficava assim: imaginando essas histórias, ao mesmo tempo que admirava a beleza das construções.
Resolvi começar a registrar esses gigantes imóveis esquecidos. Foi então que procurei um formato que favorecesse a ideia nostálgica das fotos e, ao mesmo tempo, me abdicasse de uma certa ignorância fotográfica. Acabei optando pela câmera lomo, no meu caso uma Diana F+, e filmes 120mm, revelados em um processo cruzado, onde se utiliza a química de negativos em filmes positivos. O resultado desse processo de revelação é sempre uma surpresa.
Quem quiser conferir de perto estas fotos, fica aqui o convite para acessar o site do projeto: http://memoriasimoveis.cc. E quem quiser colaborar, registrando mais casas antigas, é só usar o hashtag #memoriasimoveis no Instagram.
3. Como é fotografar com máquina analógica?
É um exercício de confiança e paciência. Como você não vê o resultado na hora, às vezes a recompensa da revelação pode ser gigante - às vezes não. É preciso ponderar muito a presença da luz e o tipo de filme que está utilizando. Mas essa é a diversão. Eu acumulava uns quatro rolos antes de revelá-los, era sempre uma grande surpresa. Cansei de descobrir que aquela foto, daquela casa, naquele ângulo, não saiu, queimou, ou ficou muito escuro ou superexposto.
Como sou de 1984, acompanhei a transição do universo analógico para o digital. Acredito muito nos benefícios das tecnologias modernas, mas seguidamente me encontro "enganado" e "iludido" pelo imediatismo que esse mundo digital nos provoca. Digamos que as coisas ficaram menos românticas e mais práticas, diretas. Se isso tudo é melhor ou pior, não sei. Mas que é diferente, é.
4. O que mais lhe dá prazer na profissão?
Com certeza, a possibilidade de viver criando, concebendo e gerando ideias. Escrever é uma paixão e pensar é um trabalho. Acredito muito na combinação de estratégia e criatividade com conhecimento e pertinência. Gosto de pensar além do texto, entender todas as pontas do processo, avaliar as percepções de cada público e trabalhar para influenciá-las positivamente, de acordo com os objetivos (sempre claros) do meu cliente. É preciso dar um passo para trás, entender o macro em todas as suas dimensões, para aí sim, focar onde for necessário. Tudo deve ter um motivo.
5. Quais são os planos para os próximos cinco anos?
Continuar empreendendo no âmbito pessoal e profissional. Não pretendo ir embora de Porto Alegre e não pretendo fazer outra coisa da vida - apenas fazer o que verdadeiramente amo e de maneira cada vez mais completa e melhor.
Imagem

Comentários