Cinco perguntas para Dedé Ribeiro

Jornalista por formação, Dedé Ribeiro é nome respeitado no cenário cultural de Porto Alegre, tendo criado o primeiro curso de produção da Capital

Dedé Ribeiro | Arquivo pessoal

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Sou formada em jornalismo, e tenho mestrado na Universidade de Paris I - Sorbonne, onde desenvolvi um trabalho sobre Produção Teatral. Tenho também mestrado em Artes Visuais pela Ufrgs. Desde 1977 faço a produção de eventos culturais, e fui a criadora do primeiro curso de produção em Porto Alegre. Já atuei como radialista, compositora, iluminadora e diretora de cena. Fui diretora do Centro Cultural Usina do Gasômetro e responsável pela implantação do Santander Cultural na Capital. Criei políticas culturais para o Instituto Ling e para o Centro Histórico-Cultural da Santa Casa. Lecionei no Departamento de Arte Dramática e Especialização em Museologia da Ufrgs, na Especialização em Museologia da PUCRS, nos cursos de Publicidade, Jornalismo e Música do Centro Universitário Metodista IPA, na pós-graduação em Produção Cultural das Faculdades Castelli e em cursos de extensão da Unisinos. Já trabalhei também junto a grandes empresas de produção como Opus, Opinião, Dell'Arte e Antares. Produzi mais de 800 eventos e produtos culturais, desde peças teatrais, livros, shows e discos de nomes como Nei Lisboa, Quartchêto, Nelson Coelho de Castro, Antônio Villeroy, Neto Fagundes e Arthur de Faria. Dirigi diversas turnês de artistas gaúchos para o exterior, sendo responsável pela direção de Produção do Festival Sud a Sul, na França, e integrei a equipe de produção dos Festivais 'É tempo de Brasil', no Louvre, 'Brahma-Brasil' em Sanary Sur Mer e "Brasil 2000" em Viena. Fui diretora de Produção Cultural do III Fórum Social Mundial. Hoje, sou diretora da produtora Liga (www.liga.art.br) e mantenho um blog de produção e viagens (dederibeiro.wordpress.com).
 

2 - O que a levou para a área de Comunicação?

O acaso? Eu fiz vestibular também para Medicina e Arquitetura, mas passei em Comunicação. Acredito que eu teria prazer em diversas profissões. Antes de começarem as aulas do primeiro ano de faculdade, vi um comercial pedindo produtores para a Televisão Difusora, para o qual fiz o teste. Não me aproveitaram para TV, mas me escolheram para a rádio, na qual participei do programa do então professor de Português do cursinho da moda, José Fogaça. Assumi a produção antes de começar a estudar Jornalismo e sem a menor ideia do que fazer. Em seis meses, o programa fez tanto sucesso que o Fogaça foi convidado para ir para a Rádio Continental, que era a rádio da moda e era uma emissora de esquerda no meio da Ditadura, em 1976. Ele me levou junto, e foi no ambiente da Continental que conheci os músicos da MPG. Como o programa era cultural, também tive a oportunidade de conhecer e entrevistar atores, diretores, artistas plásticos, escritores e todos que faziam cultura na cidade.
 

3 - Você é produtora, jornalista e dramaturga. Como essas três áreas se complementam?

Acho que tudo o que se aprende na vida se complementa. Já estudei Astrologia e Tarô também. Fui atriz e escrevo letras de música. É tudo uma grande mistura. Acredito que, hoje, o Jornalismo me ajuda com a facilidade em escrever um texto mais leve e direto. A produção e a gestão cultural são minha profissão no momento. É o que leciono e estudo também, então posso dizer que é uma área que domino. A dramaturgia, as composições e os desenhos, faço porque preciso, como necessidade de expressão. Não acho que tenha obras muito boas ainda, então fica como um "lado B", que, às vezes, aparece mais ou menos.
 

4 - A formação em Jornalismo contribui de alguma maneira para a sua atuação no mercado cultural?

Quanto à formação acadêmica, acho que não fez muita diferença. Mas no que se refere à formação que tive no mercado, sim, pois trabalhei com profissionais muito exigentes e conheci muita gente enquanto repórter, o que me abriu portas na produção.

5 - Quais são os planos para os próximos cinco anos?

A Liga é uma empresa exatamente como eu sempre quis. Nem tão grande que eu me afaste de todos os processos, nem tão pequena que eu não possa pagar minhas contas. Eu e a minha sócia Luiza somos bem idealistas e quase sempre conseguimos produzir somente o que nos agrada. Então, os planos são basicamente manter a Liga funcionando bem. Isso nos garante novos projetos desafiadores. Também estamos retomando os festivais e turnês internacionais, que estavam um pouco parados em função dos projetos nacionais serem grandes e complexos. Além disso, estamos estruturando melhor o eixo dos cursos e formação, que começará 2016 com novidades.

Comentários