Cinco perguntas para Fabiana Iglesias

Diretora de integração da Dez fala sobre mercado on e offline e estratégia digital

1. Quem é você, de onde veio e o que faz?
Me chamo Fabiana Iglesias, sou espanhola, criada em Porto Alegre. Sou formada em Filosofia pela Universidad de A Coruña. Após a faculdade, em 2002, me inscrevi em um curso de especialização sobre tecnologia e marketing. Na época, toda a minha família e amigos ficaram chocados com minha escolha, mas meu entendimento sobre o comportamento humano, somado ao uso da tecnologia para o marketing ligado ao hábito de consumo, me fez não desistir.
Na volta ao Brasil, estudei muito para trabalhar na Microsoft, em São Paulo, o que, na época, era como trabalhar no Google ou Facebook. Enquanto estudava, trabalhei no primeiro piloto brasileiro para uso de cartões Smart Card - na época, só existiam cartões por tarja magnética. Este meu experimento foi muito importante para entender melhor a tecnologia e se deu na Multinacional Sodexo Pass.
Após este período, atuei como gerente de produto na Microsoft. Foram quatro anos intensos, porém, precisava empreender em algo inovador. Meu amigo João Marcello Boscoli, sócio da Trama Music, me convidou a projetar um produto que no futuro seria conhecido como Trama Virtual. Pedi demissão e modelamos o produto, com monetização, e a Trama ficou famosa mundialmente por quebrar o modelo de negócios imposto pela indústria musical e cultural. Depois, retornei à Microsoft como gestora de grandes contas do setor público. 
Voltei a Porto Alegre para trabalhar com comunicação e gestão de produtos. Por algum tempo, realizei consultorias até conhecer a Dez, uma empresa realmente inovadora, que apostou em minhas ideias de integração e de produtos online para seus clientes. Foi aí, há quase cinco anos, que me tornei diretora de integração, liderando a unidade de negócios ZOO. Hoje temos, sem dúvida, a única agência de publicidade no Rio Grande do Sul totalmente integrada e sustentável em suas contas e custos. Conquistamos um faturamento considerável e uma estabilidade em atendimento para grandes marcas, relacionadas à Dez ou não. A ZOO tem em sua carteira clientes como DELL Computadores, Microsoft, Grendene, Massey Ferguson Global, entre outros.
2. Qual sua percepção sobre o mercado publicitário digital?
É um caminho sem volta. Falando em agências tradicionais no Rio Grande do Sul, muitos modelos de negócios fracassam ou inexistem. O tempo de permanência na internet é muito maior do que em outros veículos. Existe um comportamento crossmedia, onde tudo cruza e converge na internet. Pelas previsões da eMarketer, neste ano, teremos 1/4 do investimento publicitário destinado à internet, representando 24,4% dos dólares gastos em publicidade. Para entender o potencial da internet como mídia, cito um exemplo muito didático: a Folha de S.Paulo atinge uma audiência muito maior no seu site do que no impresso; porém, o custo de anunciar no impresso é muito maior. A internet também tem melhores possibilidades de segmentação. Veja o Google, por exemplo: não é uma empresa de publicidade, e sim de tecnologia, que possui share de 99% do Brasil em audiência, tendo o YouTube como segundo lugar. Se perfilarmos um segmento da audiência, podemos atingir exatamente o público-alvo, praticamente sem dispersão, e por um custo muito mais baixo. A rede display do Google hoje imprime 80% mais barato do que os sites de destino em compra tradicional.
3. Como você vê a integração entre publicidade on e offline?
É um terreno muito fértil. As agências que atendem sob o conceito de 'mídia neutra' para cumprir os objetivos dos clientes, possuem mais sucesso, porém, é preciso 'catequizar' equipes e clientes. Este exercício é contínuo e as agências devem estar preparadas para uma grande comunhão entre on e offline e também para absorver a integração de forma corporativa. Do contrário, teremos apenas uma iniciativa isolada, que não qualifica a equipe, nem o potencial criativo, e, por consequência, não é relevante no cenário competitivo.
4. Qual é a importância da estratégia digital na consolidação de uma marca?
Existe um mundo de oportunidades quando se inicia o processo no modo 'mídia neutra'. A internet não entra como um brinde, como um mero chaveirinho ou adendo às campanhas. Campanhas integradas podem se retroalimentar desde o início da operação. Além da integração por si só, podemos pensar em engajamento, relacionamento, branding e retorno de informações ao planejamento, mudando de fato o negócio do cliente via comportamento dos usuários. As métricas envolvidas são realmente fundamentais para o planejamento de negócios do cliente, não apenas em comunicação, mas em oportunidade de modelar produtos, entender mercado, testar campanhas e demais possibilidades.
5. Atualmente, no que todo publicitário precisa estar atento para montar uma boa estratégia de marketing?
A internet somente faz sentido quando é encarada como geradora de negócios. Internet 'criativesca', artística, não se sustenta. Isso é fato. Não traz retorno e não justifica a continuidade do investimento online. O fundamental é entender que a internet é um ambiente cheio de informações, impactos, formação de marca, que deve ser encarado como ativo no negócio do cliente. Esse mindset é o que gera valor e fortalece o mercado digital.
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