Cinco perguntas para Marcelo Coelho

Apresentador do SBT RS, ele fala sobre o retorno ao Estado após 20 anos no Rio de Janeiro

1. Quem é você, de onde veio e o que faz?
Meu nome é Marcelo Coelho. Sou jornalista, radialista e músico. Nasci em Santa Maria, na região Central do Rio Grande do Sul, mas passei boa parte da infância no Sul do Estado. Aos 12 anos, comecei a tocar violão e nos anos seguintes me dediquei aos festivais de música nativista, com composições de própria autoria. Meu primeiro trabalho num meio de comunicação se deu em 1986. A estreia, como locutor-operador de áudio, foi na antiga rádio RCC FM, de Rio Grande. Entre 1987 e 1993, morei em Santa Maria, onde decidi seguir a carreira jornalística. Cursei Comunicação Social na UFSM e fui comunicador da rádio 105 FM, na época, pertencente ao jornal A Razão. Em 1990, ingressei no Grupo RBS, onde trabalhei como repórter e apresentador de TV; e comunicador da rádio Atlântida FM.
Em 1993, surgia um novo mercado de trabalho: os canais a cabo. Mudei para o Rio de Janeiro e logo consegui espaço num dos quatro canais Globosat. Por um ano e meio, trabalhei no Sportv, onde passei por experiências enriquecedoras: fui narrador, apresentador, locutor, repórter, coordenador de eventos esportivos. Era tanto esporte que, em 1995, decidi largar aquele tipo de produção segmentada e me reconciliar com a reportagem factual. De 1996 a 2013, trabalhei como repórter em emissoras como CNT, RedeTV, Record, SBT Rio. Neste meio-tempo, produzi cerca de seis mil reportagens jornalísticas sobre os mais variados assuntos e formatos.
Em 2006, eu e a fotojornalista Gianne Carvalho criamos a produtora audiovisual MPGCom. Em maio de 2014, novo desafio profissional. O SBT RS me trouxe de volta aos pagos, para apresentar o mais prestigiado programa jornalístico da casa, o SBT Rio Grande. E aqui estou, motivado pelo desafio e a alegria do retorno à querência.
2. O que o levou a optar pela TV, em relação aos demais veículos?
Foi o oportuno conselho de um mestre. Em 1988, eu tinha acabado de sair da Força Aérea Brasileira (FAB), onde servi por um ano. Tinha virado músico de bar. Tocava violão e cantava para pagar o cursinho pré-vestibular. Naqueles dias, fiquei sabendo que a RBS TV Santa Maria iria realizar testes para repórter e apresentador. Aproveitei a oportunidade. Não com objetivo voltado para a TV, mas para a rádio do grupo, onde residia meu sonho profissional. Queria ser locutor da Atlântida FM. No dia marcado para o teste, apareceram mais de 70 candidatos de Santa Maria e cidades vizinhas. Depois de testes, pilotos, entrevistas restaram duas pessoas. Eu e uma acadêmica de Jornalismo.
Ela estava se formando e já possuía boa noção sobre as atribuições de um repórter ou apresentador. Mas eu? Ainda nem havia decidido se faria vestibular para Jornalismo, Veterinária ou Engenharia Elétrica! Naquele dia, um senhor baixinho, de barba e andar ligeiro apresentava o telejornal local. Ele viu meu piloto e comentou: "Tu leva jeito pra coisa, guri. Estuda, passa no vestibular de Jornalismo e volta aqui." E foi o que eu fiz. Em janeiro de 1990, depois de meses de estágio, fui contratado como repórter. O baixinho de barba virou chefe de reportagem e, com o tempo, um grande amigo. Ao querido mestre Sérgio Assis Brasil, meu sincero agradecimento por ter-me indicado o caminho certo.
3. Como foi voltar a comunicar para os gaúchos após 20 anos no Rio de Janeiro?
É uma redescoberta. Um desafio motivador. Os gaúchos da Capital pensam de uma forma. Os interioranos, de outra. Tenho procurado ter cuidado na hora de comentar as notícias, algo novo na minha carreira jornalística. Como repórter de TV, sempre evitei opiniões e juízos de valor sobre os fatos. Este é um dos pilares da imparcialidade. Mas, na apresentação de um programa jornalístico em que o direito à opinião é permitido pela linha editorial, a responsabilidade cresce muito. Além de imparcial, o comentário precisa focar no bom senso. E comunicar para um povo extremamente crítico, polêmico, apressado e avesso ao erro alheio, como o gaúcho, requer cuidados extras com a cautela sobre o que se pode falar publicamente. Mas não tenho medo de errar. Persigo a verdade. Com coerência e ética. Não vou falar o que as pessoas querem ouvir. E sim o que precisam ouvir.  Durante mais de 20 anos no Rio, fui apresentado, diariamente, aos maiores contrastes sociais da América Latina. E matando um leão por dia, aprendi a ver o avesso das aparências. As muitas verdades ocultas nos fatos. Portanto, cada notícia tem sua circunstância e desperta um olhar diferenciado. Não se deve generalizar, pois se fecham janelas para novos horizontes.
4. O que todo apresentador precisa saber?
Tem que conhecer melhor seu público. Alcançar a expectativa das pessoas não só pelo carisma, mas pelas palavras e sentimentos verdadeiros. Somos multiplicadores de exemplos. E o que devemos multiplicar? Essa é uma pergunta que muitos terão respostas diferentes. Como apresentador, procuro chamar a atenção dos espectadores para as verdadeiras virtudes. Apontar erros e buscar soluções. Mas, jamais agredir a quem quer que seja. Não acho que seja correto apontar o dedo na cara de um suspeito e falar: vagabundo! Pode até dar vontade, mas não se deve ceder ao impulso passional da ofensa. Gosto do que diz o filósofo Mário Sérgio Cortella: "Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve."
5. Quais são os planos para os próximos cinco anos?
O SBT RS vem expandindo o tempo de produção do jornalismo local e melhorando o conteúdo de informação. A minha vinda para o comando do SBT Rio Grande se encaixa nesse projeto. É uma honra poder oferecer minha experiência profissional sedimentada em duas décadas de cobertura jornalística no Rio de Janeiro. No primeiro momento, tenho a missão de recuperar o histórico dos principais fatos que foram notícia no Estado. Mesmo em outro estado, nunca deixei de acompanhar as notícias de destaque no RS. Mas para comandar um programa jornalístico regional, é preciso aprofundamento. Passar um pente mais fino na memória dos acontecimentos gaúchos. É um dever de casa sobre o qual já me debruço. Queremos implementar novos quadros, maior espaço para reportagens especiais, serviços e mais interatividade com os espectadores. Nosso novo lema resume bem a missão: SBT RS - jornalismo gaúcho de verdade.
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