Editor da Folha defende pluralidade no Em Pauta ZH

Sérgio Dávila falou sobre a tarefa de manter a isenção jornalística em uma sociedade polarizada

Sérgio Dávila | Crédito: Divulgação
O desafio de manter a isenção jornalística em uma sociedade polarizada foi o tema norteador na participação do editor-executivo da Folha de S.Paulo, Sérgio Dávila, no evento Em Pauta ZH, nesta quarta-feira, 28. O jornalista apresentou números de pesquisa do instituto DataFolha, que analisou a opinião de leitores e do eleitorado brasileiro com relação a assuntos que vão de posicionamento político a posse de armas e uso de drogas. Segundo o jornalista, a pesquisa permite à redação sair do universo do jornalista e pensar mais próximo da realidade do leitor, mantendo sempre a pluralidade de opiniões. Esta é reforçada com uma equipe de 125 colunistas, que possibilita garantir a isenção no noticiário, enquanto o jornal expressa suas posições através de editorial. "A missão do jornal é, em vez do condomínio, ser a praça e expor o leitor a posições divergentes. É esse o nosso dever cívico."
O resultado do estudo encomendado pela Folha apresenta os leitores como liberais em relação aos costumes e mostra as discrepâncias entre o posicionamento do público do veículo, e do eleitorado brasileiro. Paralelamente, foi feito um censo na redação, pelo qual os profissionais puderam participar com garantia de sigilo de informações. A principal conclusão, resumiu o editor executivo, está na revelação de que a Folha é considerada mais liberal (69%) do que seus leitores (52%), que ainda são mais liberais que o eleitorado do País (25%).  "A pesquisa não ajuda a pautar o jornal pelo eleitorado, mas a levá-lo em conta na hora da pauta. Sabemos quem é leitor e o que pensa. Vamos escrever só o que ele quer? Não. Se a gente fizer isso, para de exercer o papel de jornalista."
Ao comentar o avanço das redes sociais na difusão do conteúdo jornalístico, Dávila afirmou que os profissionais precisam reforçar a capacidade de exercer curadoria. "Talvez, se consiga dar um norte para o leitor dentro dessa cacofonia da internet e redes sociais", ponderou. Para o editor executivo da Folha, a profissão de jornalista não está em risco, ainda que o modelo de negócio esteve em discussão. "Seja qual for modelo do futuro, ele vai depender da produção de conteúdo", enfatiza. Nesse cenário, o jornalista prevê a perda do peso da publicidade na receita dos jornais e o crescimento da circulação digital e outras fontes de recursos.

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