Algumas das tendências apresentadas no SxSW, o festival anual de tecnologia, inovação e interatividade, que acontece em Austin, nos Estados Unidos, foram conhecidas em Porto Alegre nesta terça-feira, 31. Com uma programação que abrange 6 mil atividades em uma semana, a feira, que é referência no segmento de indústria criativa, ganhou a releitura por profissionais da comunicação, reunidos por iniciativa da Escala. Em um auditório lotado por 120 pessoas, na sede da Unisinos Porto Alegre, os publicitários Alfredo Fedrizzi e Jacques Fernandes, da Escala, o jornalista Marcos Piangers e a diretora-geral de inovação e linguagem do Grupo RBS, Flávia Moraes, compartilharam com o público o que mais os impressionou em Austin.
"Queremos democratizar o aprendizado, compartilhar nosso conhecimento. Por isso, convidamos ao debate e à imersão nesse evento caótico, onde tudo acontece ao mesmo tempo. São 300 mil pessoas a mais na cidade de Austin, Texas, uma cidade do tamanho de Porto Alegre. O evento gera negócio", apresentou Fedrizzi. Jacques lembrou que o SxSW não trata apenas de tecnologia, e sim de inovação, oferecendo um misto de arte, ciência, gastronomia e até medicina. "O conteúdo é complexo, mas a internet das coisas permeou muito do que vi. Sentir o real, o local e traduzir essas informações foi amplamente discutido. A previsão é que até 2021 serão 200 bilhões de dispositivos conectados. A intenção final é a melhoria de vida. A tecnologia é só um meio", explicou o diretor de Criação da Escala.
Jacques também alertou para as novas realidades, nas quais especialistas em tecnologia, sejam engenheiros, desenvolvedores ou programadores, passaram a ocupar espaços nas redações dos veículos de comunicação, junto com os jornalistas. E causou impacto ao mostrar uma realidade vivida pelo jornal The Washington Post, que de quatro engenheiros que tinha junto à redação tem hoje uma centena: "Os engenheiros assumiram o controle junto com os jornalistas e o resultado é que estão transformando a história do jornal", disse, dando exemplos de inovação e modernidade apresentados pelo Washington Post.
Em participação via streaming, direto de Los Angeles, Flávia foi categórica: "Crie, inove e inspire, faça o bem, dê voz. Mais do que diversidade, pense em inclusão, pluralidade, engajamento com a audiência. Mais do que um target, identifique atitude, incentive o erro, aprenda com ele e, quanto mais rápido, melhor. Seja orgânico, local, solar, busque convergência e divergência simultaneamente. Redirecione, reduza, acelere, recicle". Flávia chamou a atenção para o fato de que o mundo digital invadiu o mundo físico: "tech deixou de ser sujeito e virou verbo, tudo agora é tecnologia aplicada. Mobile first é mobile only e, claro, hoje, ou pelo menos ontem, tudo gira em torno de vídeo, vídeo, vídeo e mais vídeo".
Piangers, último a falar, reafirmou a necessidade de reinvenção constante. "A postura frente aos desafios é a única que resolve os problemas. Mas os robôs também. Tudo que vi envolvia, de alguma forma, robôs. As revoluções apresentadas durante os 10 dias de evento afetam áreas como engenharia, psicologia, medicina, publicidade, arquitetura. E por mais assustador que pareça o futuro, em Austin, o clima é de otimismo. Todos aqui acreditam que o carro que se dirige sozinho vai mudar o mundo."