Envolvidas na Lava-Jato, agências irão devolver R$ 50 milhões

Borghi Lowe e FCB assumiram participação em esquema e firmaram acordo de leniência

Ricardo Hoffmann
A Borghi Lowe (atual Mullen Lowe) e a FCB assinaram na sexta-feira, 16, um acordo de leniência com os procuradores da Operação Lava-Jato. As duas são suspeitas de pagar propina para conseguir contratos na Petrobras, na Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde. Pertencentes à multinacional Interpublic, as agências admitiram envolvimento no esquema de corrupção e concordaram em devolver ao governo federal R$ 50 milhões. O valor refere-se ao lucro obtido nos últimos cinco anos com contratos irregulares, segundo informou a Folha de S.Paulo.
Pelo acordo, acrescenta o jornal, as agências deverão fornecer às autoridades o resultado de suas auditorias internas. O material relata o envolvimento de altos funcionários da Caixa Econômica e do Ministério da Saúde e responsabiliza pelo esquema o publicitário gaúcho e ex-diretor-geral da Borghi em Brasília Ricardo Hoffmann, atualmente preso em Curitiba. A concordata, ainda não homologada pela Justiça, livra as empresas e seus presidentes de processos por corrupção. As agências também negociam um acordo com a CGU (Controladoria-Geral da União).
À reportagem da Folha, a Interpublic não quis comentar os termos do acerto, afirmando por meio de nota que o "acordo entre as agências e o Ministério Público Federal no Paraná está relacionado a um ex-funcionário que violou o código de ética do grupo. Continuamos nossos esforços para chegar a um acordo com outros órgãos governamentais".
De acordo com as investigações da Lava-Jato, Hoffmann pagou propina ao ex-deputado André Vargas (ex-PT-PR), para que ele ajudasse a conquistar as contas da Caixa, do Ministério da Saúde e da Petrobras. Entre 2008 e 2015, a Borghi recebeu mais de R$ 1 bilhão do banco e da pasta da Saúde. A FCB ganhou contrato de mais de R$ 100 milhões com a Petrobras no ano passado. Dos recursos, 85% eram usados para comprar espaço nos meios de comunicação em que os anúncios eram veiculados, como jornais e TVs.
Em troca de influência no Ministério da Saúde e nas estatais, Vargas recebeu R$ 2,5 milhões, segundo os procuradores. O dinheiro não saía diretamente da Borghi e da FCB. Era depositado por produtoras que trabalhavam para as agências na conta de uma empresa do ex-deputado. Ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, Vargas deixou o PT, teve o mandato cassado no ano passado e em setembro foi condenado a 14 anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ricardo Hoffmann foi demitido pela Borghi no final de 2014, depois de uma auditoria interna. Como Vargas, ele foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 12 anos e 10 meses de prisão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

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