Escândalo faz brindes para jornalistas encalharem

Caderneta preparada pelo governo inclui nome de servidor preso pela Polícia Federal em esquema de corrupção

Os escândalos do governo atingiram até mesmo a distribuição de um brinde tradicional dado a jornalistas: cadernetas de anotação. Pelo menos 279 unidades de uma edição estão encalhadas no Ministério do Esporte em razão do envolvimento de integrantes do governo em irregularidades. Destinada a jornalistas estrangeiros, a singela caderneta teve a distribuição suspensa por apresentar Colbert Martins como uma das autoridades responsáveis pela organização da Copa de 2014.

Com custo unitário de R$ 11,50 - saídos da verba para utilidade pública do ministério -, o caderno foi lançado no dia 30 de julho, no sorteio das eliminatórias da Copa. Dez dias depois, Colbert foi preso pela Polícia Federal, em operação que investiga irregularidades no Ministério do Turismo. Desde então, está afastado da Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo. O nome do ex-secretário, porém, figura na caderneta, na lista "Who to talk to regarding government actions" - Com quem falar sobre ações do governo. O caderno inclui também nomes de assessores de imprensa do Ministério do Turismo, cujo comando foi trocado na semana retrasada.

Distribuído três anos antes da Copa - e com previsão de reforma ministerial até lá -, o caderno tem ainda lista de autoridades aeroportuárias e das pastas de Cidades, Esporte, Justiça, Planejamento e Relações Exteriores. Ao jornal Folha de S.Paulo, o Ministério do Esporte informou que as cadernetas em estoque estão sendo atualizadas, mas não explicou como. No total, foram produzidas 800 cadernetas, de 14 cm x 9,5 cm e 50 páginas cada uma. Dessas, 521 foram distribuídas, restando 279. De acordo com Folha de S.Paulo, no entanto, as cadernetas retidas chegariam a 600 unidades. Para atualizar dados, o governo trabalha com duas alternativas: arrancar as páginas ou cobrir o nome Colbert com uma tarja.

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