Grupo RBS encerrou o ano com faturamento de quase R$ 1 bilhão

Empresa se considera preparada para enfrentar a crise mundial

Com o estouro da crise financeira internacional, em meados do ano passado, o Grupo RBS iniciou 2009 com a certeza de que este seria um período de dificuldades. Ao mesmo tempo, pairava sobre sócios e funcionários, segundo o diretor de Tesouraria, Frederico Roth, a confiança de que a empresa estaria preparada para o momento de turbulência. O balanço de 2008 do grupo, publicado na semana passada, apenas confirmou as expectativas: o total da receita líquida foi de cerca de R$ 1 bilhão (R$ 977.528). Apesar de o desempenho ser definido como "extremamente positivo", Roth disse a Coletiva.net que o número poderia ter sido maior se não fossem os efeitos colaterais da crise mundial. Vale destacar que os números equivalem à RBS Comunicações e empresas combinadas (todos os jornais e web, mais as quatro principais TVs e as quatro principais rádios), que representam mais de 90% do resultado operacional de todas as empresas que são operadas conjuntamente pela RBS


Deste valor, cerca de R$ 646 milhões vieram da receita com publicidade em diversas mídias; R$ 153 milhões, de assinaturas de jornais; R$ 124 milhões, de classificados; R$ 54 milhões, de circulação (venda avulsa); e R$ 80 milhões de outras receitas, como eventos e comercialização de produtos, além de deduções de aproximadamente R$ 80 milhões. O resultado operacional do Grupo RBS ficou em torno de R$ 252 milhões. No caso da despesa, R$ 240 milhões foram gastos com pessoal, R$ 118 milhões com matéria-prima (90% papel) e logística, R$ 118 milhões com programação e R$ 39 milhões com despesas de venda, como bonificações e premiações.


De acordo com Roth, a mídia que mais contribui com receita é o jornal (48%), seguido da televisão (39%), rádio (7%) e outros, incluindo a web (6%). Mas, no caso do resultado operacional, o jornal, devido à sua estrutura industrial, não é o meio que mais pesa e, sim, a televisão (59%). Neste ranking, logo vem o jornal (43%), rádio (8%) e a categoria "outros" fecha com resultado negativo (-10%). "Estes outros negócios - notadamente a internet - contribuem negativamente com o resultado operacional. São negócios que, se analisados de forma isolada, ainda trazem prejuízos, mas integram um posicionamento estratégico que a RBS faz para o futuro. As velhas mídias, na forma atual, estão ameaçadas e, se há uma ameaça das novas mídias digitais, nós, então, devemos nos preparar para esta realidade", afirma Roth.


Comparando-se o período de 2004 a 2008, a RBS registrou um aumento de receita de R$ 688 milhões para R$ 977 milhões e de resultado operacional de R$ 145 milhões para R$ 252 milhões. Devido à reorganização societária do ano passado, o lucro líquido da empresa saltou de -R$ 87 milhões (prejuízo), em 2004, para R$ 213 milhões, em 2008. Entretanto, Roth destaca que, desse valor, R$ 110 milhões vêm de resultados não-operacionais. A dívida líquida da empresa, que em 2004 era de R$ 511 milhões, em 2008 foi contabilizada em R$ 194 milhões. Segundo Roth, esse dado reforça a solidez financeira da companhia. "Nossas obrigações financeiras estão muito menores e alongadas. Ter dívida não é necessariamente ruim. Ter divida cara e curta é ruim, mas ter dívida longa e a um bom preço, não é ruim", explica."


Medidas frente à crise


O último trimestre de 2008 fechou com resultado ruim, mas não comprometeu o desempenho do ano. "A gente está vendo um ano que começou mais duro, mas não tem nenhuma tragédia no ar", diz. 


Para atravessar o momento de turbulência, o Grupo RBS, de acordo com Roth, está com um exercício forte de contenção de custos e despesas. "A RBS não fez e não pretende fazer nenhum grande desligamento de pessoal, listões, essas coisas. Não teve nada disso e esperamos que não tenha. Para isso, estamos fazendo um "aperto de cintos" muito forte." As ações a que se refere o diretor são congelamento de investimentos, reposição de pessoal, aumento de remuneração e projetos de crescimento, entre outros. Conforme ele, as medidas tomadas no final do ano passado já deram resultados, pois compensaram as receitas menores nestes primeiros meses.

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