Jornalista narra em livro captura de criminoso mais procurado do RS

Obra é baseada na história de bandido preso em 2006 e traz uma radiografia do trabalho policial no País

O jornalista Marcio Pessôa lança o livro 'Banguela', no qual revela bastidores da operação policial que uniu esforços de estruturas de segurança pública para prender o bandido que foi, por mais de meia década, o mais procurado do Estado. A obra é baseada em prisão feita em 2006, que foi considerada ponto de honra da polícia e gerou grandes gastos aos cofres públicos, além de ter provocado diversas mortes, entre criminosos e inocentes. As ações da quadrilha abrangeram Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e ocorreram por cinco anos. 
O livro resulta de investigação jornalística feita por Pessôa, primeiro como repórter que acompanhou o caso e, depois, em entrevistas que somam cerca de 50 horas de gravações. A obra revela informações então sigilosas, que explicam decisões polêmicas de governo, tomadas em gabinetes de primeiro escalão. "O principal foco da obra é o debate sobre a estrutura de segurança, além da divisão das polícias e a febre dos grampos telefônicos no Brasil", adianta o autor. A ideia, segundo ele, é mostrar como há ingredientes políticos e partidários no meio da segurança pública, sem esquecer a discussão sobre os grampos telefônicos.
Para preservar fontes, o autor utiliza recursos literários, como o ponto de vista de seres inanimados, como o quadro do presidente Lula, as câmeras de segurança, etc. Ele ainda criou um jornal fictício, chamado Carta Popular, utilizado na obra como instrumento ilustrativo de narração. "Suas intervenções durante os capítulos e seu encarte especial ao final do livro sugerem um debate que poderia ter sido feito enquanto esses fatos eram explorados pela mídia; contudo, por diversos motivos, não foi realizado."
O prefácio do livro é assinado pelo cientista social, antropólogo, consultor de Segurança Pública e um dos autores do livro 'Elite da Tropa', que deu origem ao filme 'Tropa de Elite', Luiz Eduardo Soares. Ele escreve: "Corrupção, brutalidade, infraestrutura precária, influência política, amadorismo e escutas telefônicas como instrumento de barganha: esses ingredientes dão o tom à narrativa. Além de todos esses problemas e de muitos vícios na técnica da investigação policial, Banguela retrata o sistema de segurança raquítico e bizarro, onde as diferentes instituições da segurança pública são rivais, não cooperam e desconfiam umas das outras".  
O lançamento do livro e sessão de autógrafos será na terça-feira, 14, a partir das 18h, na Palavraria Livros & Café (Rua Vasco da Gama, 165). Outras informações estão disponíveis no site www.banguela.net
Imagem

Comentários