Lula desvia do assunto da Gamecorp

Para oposição, é grave a possível participação de capital estrangeiro na empresa do filho do presidente

A fim de descobrir quem são os acionistas da Gamecorp S.A, empresa que tem entre os sócios Fábio Luís Lula da Silva, e se há participação de capital estrangeiro, e sua proporção, o juiz Régis Rodrigues Bonvicino, da 1ª Vara Cível do Fórum de Pinheiros, São Paulo, determinou um levantamento atualizado da composição acionária da empresa do filho do presidente da República.


A decisão de Bonvicino está relacionada à ação movida pela Rede 21, em que a emissora pede indenização pelo artigo escrito por Diogo Mainardi, e publicado na Veja, o qual afirma que "o capital social da Gamecorp, de R$ 5,2 milhões, saiu quase integralmente da Telemar. A Telemar é uma empresa aberta, negociada nas Bolsas de São Paulo e de Nova York. De acordo com os dados fornecidos pela própria operadora, os acionistas estrangeiros possuem 54,3% de seu capital social, superando amplamente o limite de 30%".


O advogado da Rede 21, Walter Vieira Ceneviva, em resposta ao MP (Ministério Público Federal), nega ter havido "arrendamento" e sustentou ainda que o contrato, remetido em envelope lacrado, tem o "intuito exclusivo de compra de conteúdo", sem "qualquer alteração nas quotas de capital" da Rede 21. Bovincino, que negou o pedido de sigilo feito pelos advogados da Rede 21, entende que a disputa "se estabelece em torno da proteção legal da reputação de dois grupos poderosos, e, por isso mesmo, impõe-se seja submetida à dialética do contraditório".


Enquanto isso, Lula se recusa a comentar a informação e quem se pronunciou em entrevista à emissora de rádio foi a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. "A relação entre a Gamecorp e uma televisão, que assume a forma de compra de horário de televisão, é generalizada no Brasil", afirmou. Disse ainda que a atitude faz parte de contratos comerciais. "É um aluguel de espaços para veicular seus programas", garantiu, acrescentando que isso "é perfeitamente legal".


Líderes da oposição consideraram preocupante e grave o fato de a Gamecorp receber verbas do governo federal por meio de anúncios. Políticos do PFL e do PSDB acionaram advogados para saber se há como contestar os repasses. "Não pode haver contrato de gaveta em assunto público. É uma fraude", afirmou o líder do PSDB, Jutahy Júnior (BA).

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