Marcelo Canellas, Letícia Duarte e Dione Kuhn | Divulgação
Com o tema "O futuro do Jornalismo é contar histórias", o último painel do comemorativo Em Pauta ZH, que marca os 52 anos de Zero Hora, contou com a presença dos repórteres especiais Marcelo Canellas, da Rede Globo, e Letícia Duarte, do jornal gaúcho. Mediados por Dione Kuhn, eles explanaram, no auditório do Instituto Ling com cerca de 120 pessoas, suas paixões por transmitir fatos e, com isso, levar o público a reflexões e até mesmo compaixão com seus cases.
Canellas foi o primeiro a expor alguns posicionamentos quanto à sua profissão, especialmente por fazer no meio que mais gosta, a televisão. Na visão do jornalista, o País vive um momento de diversas crises, não apenas política, mas econômica, moral e até na imprensa. Por isso, entende que algumas tragédias são importantes serem relatadas, pois só contando elas de forma literária para que a sociedade faça algumas reflexões. "Estou absolutamente convencido de que as reportagens bem escritas ocasionam nas pessoas um certo conforto metafísico. Acho que as grandes histórias nunca tiveram tanto espaço no Brasil e nunca despertaram tanto reconhecimento do público", refletiu.
Para mostrar sua trajetória em matérias especiais, Letícia Duarte compartilhou com os participantes a experiência de ter acompanhado uma família de refugiados da Síria rumo à Europa. "Fui sozinha, sem tradutor, nem fotógrafo. A minha estratégia era tentar ser o menos repórter e o mais humana possível", contou. Por isso, continuou, dividiu comida, ficou sem banho, enfrentou fronteira, polícia, dormiu em barco, pois queria contar essa história da forma mais verdadeira possível. "Acho que o Jornalismo permite não só uma reflexão da sociedade, mas do próprio repórter, de se questionar e questionar a vida", afirmou. E confessou: "Não consigo contar algo sem me envolver emocionalmente ou ver minhas fontes apenas como cases. Não sei esse limite".
Andiara Petterle, vice-presidente de Jornais e Mídias Digitais do Grupo RBS, encerrou o evento especial se dizendo orgulhosa de trabalhar em uma empresa que tem mais de 50 anos e ainda hoje discute o futuro do Jornalismo. "Nunca tivemos o consumo de notícias e informações que temos hoje, durante o dia inteiro. A medida que temos uma audiência cada vez maior nesse aspecto, nossa responsabilidade se torna ainda maior", conclui.