Para Elmar Bones, indiciamento de jornalista do JÁ contraria os fatos

Matheus Chaparini foi acusado de associação criminosa, resistência, dano qualificado ao patrimônio e obstrução ao trabalho

Matheus Chaparini | Arquivo pessoal
Após ser preso durante cobertura da ocupação de estudantes do prédio da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) em junho, o jornalista do Jornal JÁ Matheus Chaparini foi indiciado por quatro crimes. Ele e mais nove pessoas foram acusados de associação criminosa, resistência, dano qualificado ao patrimônio e obstrução ao trabalho. Para o editor do impresso, Elmar Bones, as acusações do inquérito encaminhado pela Polícia Civil ao Ministério Público (MP) contrariam os fatos e são uma tentativa de desviar o foco da notícia.
Para ele, os vídeos gravados pelo repórter mostram claramente a violência e a truculência da Brigada Militar durante a ação contra os estudantes. "Ao invés de discutirmos isso, estamos mais preocupados em provar se o Chaparini estava ou não atuando como jornalista", informou ao Coletiva.net. Bones informou, ainda, que o impresso está em contato com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado (Sindjors) e com a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) para tomar providências. "Não acredito que o Judiciário levará adiante um absurdo desses", falou.
Além de Chaparini, o cineasta independente Kevin D"arc também está entre os indiciados. Para o titular da 17ª Delegacia de Polícia, Omar Abud, responsável pela investigação, Chaparini e D"arc não estavam trabalhando no momento da prisão. Em sua defesa, o jornalista do JÁ garante que informou mais de uma vez que estava a trabalho, e não manifestando.
Ao portal, o repórter contou que estava onde deveria estar para fazer a cobertura da ocupação. "Eu entrei no prédio por uma porta, tive livre acesso. Não furei cordão da Polícia, nem pulei a janela. Qualquer profissional de imprensa poderia estar lá dentro, que era onde estava a notícia", explicou.
Sobre o processo, Chaparini disse que nunca imaginou que passaria por situação parecida, mesmo sabendo de outros casos de jornalistas que já foram presos durante o exercício da profissão. Para ele, resta esperar a decisão do MP para saber qual providência irá tomar. "Agora não tenho muito o que fazer, só esperar. É uma situação absurda e que se arrasta. Ainda demora para se resolver", lamentou.

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