Publicitário é condenado na Operação Lava Jato

Pena para Ricardo Hoffmann é de 12 anos e 10 meses, além de multa

Ricardo Hoffmann
Em sentença dada pelo juiz federal Sergio Moro nesta terça-feira, 22, o publicitário gaúcho Ricardo Hoffmann foi condenado pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A punição se deu na mesma sentença em que também foram condenados o ex-deputado federal André Vargas e o irmão dele Leon Vargas, todos pela prática dos crimes de corrupção que envolveu o pagamento de propinas de pelo menos R$ 1.103.950,12 por intermédio de contratos de publicidade firmados com a Caixa e o Ministério da Saúde. Os três terão de devolver este valor aos órgãos públicos através de bens confiscados.
A pena para Ricardo Hoffmann foi de 12 anos e 10 meses, com multa de R$ 836.220. Sua defesa informou que irá analisar a decisão e se pronunciar nos próximos dias. Os valores das multas, conforme Moro, são definidos de acordo com a participação de cada um nos crimes, e mensurados de acordo com as condições financeiras dos condenados.
Ao calcular a pena de André Vargas, considerou a responsabilidade do cargo de vice-presidente da Câmara, e relembrou gesto do então deputado na abertura dos trabalhos legislativos de 2014. Na ocasião, Vargas ergueu o punho cerrado ao lado do então presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa - uma alusão ao gesto de protesto de petistas presos no caso do Mensalão.
Moro pondera que o ex-parlamentar agiu de acordo com a liberdade de manifestação que lhe cabia, mas recriminou o ato. "Entretanto, retrospectivamente, constata-se que o condenado, ao tempo do gesto, recebia concomitantemente propina em contratos públicos por intermédio da Borghi Lowe. Nesse caso, o gesto de protesto não passa de hipocrisia e mostra-se retrospectivamente revelador de uma personalidade não só permeável ao crime, mas também desrespeitosa às instituições da Justiça", afirmou
André Vargas e Ricardo Hoffmann, que estão presos, não poderão recorrer da sentença em liberdade. "Considerando a gravidade em concreto dos crimes em questão e que os condenados estavam envolvidos na prática habitual, sistemática e profissional de crimes contra a administração pública federal e de lavagem de dinheiro, ficam mantidas, nos termos das decisões judiciais pertinentes, as prisões cautelares vigentes", decretou o juiz.
Ricardo Hoffmann era diretor da agência de publicidade Borghi Lowe em Brasília e, segundo a sentença, ofereceu vantagens indevidas para que o então deputado André Vargas interviesse para que a empresa fosse contratada para realizar serviços para a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde. Em contrapartida, Hoffmann orientou as empresas subcontratadas para executar os serviços para que depositassem os valores referentes às comissões de bônus de volume em contas controladas por empresas de fachada de André Vargas e seus irmãos, Leon e Milton Vargas.

Comentários