Na manhã desta quinta-feira, 23, a jornalista Kelly Matos, da rádio Gaúcha, conversou com o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreria durante o programa Gaúcha Atualidades, conduzido por Carolina Bahia, Leandro Staudt e Rosane de Oliveira. Na entrevista, que aconteceu momentos antes de ele receber mandado de prisão da Polícia Federal, Ferreira alegou que estava trabalhando normalmente e não havia recebido nenhuma intimação. Pouco depois da ligação, a própria PF entrou em contato com a jornalista para confirmar que o ex-tesoureiro estava foragido.
Baseada em uma notícia veiculada no portal do Estadão, que dava conta da prisão do ex-tesoureiro, Kelly conseguiu ligar diretamente para Ferreira, que garantiu estar em Brasília, em liberdade. Enquanto a polícia o procurava, ele dizia à rádio Gaúcha que considerava "absolutamente natural" seu nome aparecer nas investigações. "Fiz o trabalho que o secretário de Finanças de qualquer partido faz: vai até as empresas e solicita doação em época eleitoral ou em época de dificuldade financeira da legenda", afirmou na ligação.
Ele ainda se disse tranquilo em relação a isso e que acha natural que em algum momento seu nome surja na Operação Lava Jato. "Isso faz parte da política. Estou tranquilo e completamente à disposição", disse o ex-tesoureiro na entrevista à rádio.
Em entrevista ao Coletiva.net, Kelly Matos informou que fazer parte da notícia "é, no mínimo, curioso, pois o papel do jornalista é o de relatar, não participar". O produtor da emissora, Tiago Boff, disse que fica satisfeito quando consegue entrar em contato direto com a fonte, e defende que o jornalista nunca deve procurar virar notícia. "Fazendo parte ou não da notícia, esse episódio mostrou que nós fizemos nosso trabalho de apuração, que é o nosso compromisso, e acabamos, talvez, sendo mais rápidos do que a polícia", falou.
A entrevista com Ferreira pode ser ouvida aqui.