Repórteres investigativos relatam experiências com matérias especiais

Carlos Rollsing, Cid Martins, Humberto Trezzi e Jonas Campos participam do evento Em Pauta ZH

Cid Martins, Jonas Campos, Carlos Rollsing e Humberto Trezzi | Divulgação
O segundo painel de Em Pauta ZH, edição comemorativa aos 52 anos de Zero Hora, que acontece neste momento no Instituto Ling, contou com quatro repórteres investigativos do Grupo RBS: Carlos Rollsing, Cid Martins, Humberto Trezzi e Jonas Campos. Cada um explanou sobre experiências com matérias especiais e como enxergam suas atividades do ponto de vista de relevância, segurança, entre outros aspectos que envolvem a profissão.
O início do painel ficou a cargo do mediador Trezzi, que ressaltou a importância de cada um saber seu papel em denúncias. "Não fazemos reportagem por pedidos que recebemos dos nossos gestores, mas porque ficamos agoniados, pensando em como e quando trazer algo novo ao público", afirmou, completando me seguida que, antes do compromisso com a empresa que representam, os jornalistas o têm com a sociedade. Para exemplificar, relatou sua participação em uma série especial que denunciava a depenação de carros nos depósitos do Detran. "As informações vieram de diversos lados, como colegas, amigos, familiares. Com isso, decidimos dar luz ao tema", contou.
Atuando em Zero Hora, Rollsing destacou que, apesar de cada meio de comunicação responder ao seu público, no caso do impresso há, sim, uma concorrência muito forte com as redes sociais, especialmente no campo factual. Para ele, a diferenciação do jornal será, cada vez mais, a investigação, o aprofundamento em determinados temas. "Isso será muito bom para nós, repórteres, pois me parece que as empresas que quiserem sobreviver nesse meio terão que investir nesse tipo de profissional." Rollsing ainda detalhou sua participação no especial "Submundo das Lutas", quando teve que se inscrever em academias e campeonatos, e chegou a conseguir comprar uma graduação de professor de uma arte marcial. "O resultado é que fui ameaçado por lutadores, o que me fez ter que ficar alguns dias em um hotel. Apesar disso, nada que me impeça de continuar denunciando", garantiu.
Jonas completou as explanações relatando que sua paixão pelas matérias investigativas começou no início da década de 1990. Nessa época, fez uma reportagem sobre um deputado que extorquia dinheiro de seu chefe de gabinete. Quando descobriram que isso ia ao ar, uma equipe se dirigiu até a emissora em que eu trabalhava para tentar barrar a matéria, mas não conseguiram. Segundo o repórter, o deputado não foi cassado, "mas as urnas posteriores o condenaram". E completou: "Esse suporte da empresa é importante para que nenhum tipo de pressão sirva como um "cala boca" na imprensa", alertou.
Cid Martins foi o último a falar e iniciou com a provocação: "Como fazer investigação no rádio?". Para o jornalista, o principal aprendizado do meio é que "a informação que chega de fora não é notícia, mas é pauta". Então, é preciso "espancar" essa pauta e fazer o papel de advogado do diabo, para poder tirar o máximo possível dessas informações. "Por incrível que pareça, ter feito uma cadeira de teatro na faculdade me ajudou diversas vezes, como na investigação dos neonazistas, em que fiquei mais de um ano infiltrado. Sem falar nas diversas medidas de segurança necessárias. Tem que estar muito bem preparado para esse tipo de produção", ensinou.

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