Sensação é de finalizar um capítulo da história, diz Rodrigo Lopes

Jornalista está de volta ao Vaticano, de onde relata os desdobramentos da renúncia do Papa Bento XVI

Enviado especial do Grupo RBS, Rodrigo Lopes acompanha desde segunda-feira, 25, direto do Vaticano, os desdobramentos da renúncia do Papa Bento XVI. A morte de João Paulo II e a eleição de Bento XVI pelo conclave romano, em 2005, constituíram uma das primeiras coberturas internacionais do jornalista. Agora, Rodrigo acredita que dá seguimento ao trabalho de acompanhar a história. "Estar aqui em Roma, ao final dos quase oito anos de pontificado de Bento XVI, dá uma sensação de completar um trabalho, de finalizar um capítulo da história. Sem falar na sensação única, que todo o enviado especial tem, de testemunhar a história acontecendo diante de nossos olhos", revelou Rodrigo, ao Coletiva.net.
A proximidade do jornalista com o assunto vem da adolescência, quando participou de grupo de jovens na igreja Santa Teresinha. "Fui catequista, tocava violão e fazia a leitura nas missas. Naquele tempo, formei grandes amigos, que me acompanham até hoje. Essa experiência de juventude me deu algum conhecimento sobre o assunto Igreja Católica, ritos e hierarquia", explicou. Por isso, temas que envolvam religiões, Igreja Católica e história estão entre os preferidos de Rodrigo, que, com a cobertura de 2005 e a visita de Bento XVI ao País, em 2007, ampliou o conhecimento sobre o assunto.
Ao comparar as coberturas que fez no Vaticano, avaliou que fatos como o furto dos documentos, corrupção na Cúria e casos de pedofilia, abalaram o pontificado de Bento XVI, o que afeta o trabalho jornalístico. "Não podemos ter um tratamento apenas emocional dos fatos, é preciso interpretação e uma dose de crítica também", afirmou. Acostumado a relatar guerras e tragédias, vê com mais tranquilidade a missão atual, já que as atenções são concentradas em um único lugar e não há risco à segurança dos jornalistas. Pro outro lado, o acesso às informações, segundo ele, é tão difícil quanto em um conflito.
Acompanhar a devoção dos fiéis tem sido, para Rodrigo, o mais interessante da cobertura. Outro momento que destaca foi a oportunidade de estar próximo de Bento XVI, quando, em uma passagem do papamóvel, pode vê-lo a cerca de 10 metros. "Sua fisionomia me marcou muito: seu olhar cansado, as rugas. Bento XVI, não tenho dúvidas, está bem debilitado fisicamente", contou. Entre as dificuldades encontradas esteve a falha no credenciamento de imprensa, que quase o deixou de fora da missa de despedida do Sumo Pontífice. Apesar do contratempo, crê que a situação contribuiu para aproximá-lo dos fiéis. "Participar das cerimônias como 'povo', digamos, transmitiu uma emoção ainda mais forte, que espero ter retratado nas reportagens", relatou.
Imagem

Comentários