Tambor da Aldeia destaca censura sofrida por Caras

Revista conseguiu reverter decisão judicial, mas episódio preocupa entidades de representação da imprensa

Mesmo já tendo sido suspensa, a censura judicial sofrida pela revista Caras no episódio da morte da atriz Cibele Dorsa deverá continuar repercutindo entre entidades de representação da imprensa. O tema foi abordado nesta semana, no boletim eletrônico da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), Tambor da Aldeia. A entidade também anunciou, no último dia 1º, que irá avaliar casos semelhantes ocorridos com outras revistas e jornais.
A Justiça obrigou Caras a retirar do site e impediu a publicação na versão impressa de textos escritos por Cibele e que, de acordo com a revista, "teriam chegado à redação minutos antes do trágico fim" da atriz. Cibele morreu na madrugada do dia 26, depois de cair da janela do prédio em que morava, em São Paulo. A Polícia Civil concluiu que ela cometeu suicídio. A censura resultou de decisão judicial da 19ª Vara Cível de São Paulo, a pedido de Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, ex-marido da atriz. Nesta terça-feira, 5, a revista publicou comunicado anunciando ter conseguido suspender a determinação ao recorrer ao Tribunal de Justiça paulista.
Em fevereiro, o Comitê para Proteção de Jornalistas divulgou relatório que o Brasil lidera o ranking de países em ataques à imprensa e à liberdade de expressão por meio de decisões judiciais. Jornais de circulação nacional e sites são os principais alvos. As ações, prioritariamente, partem de autoridades que consideram o conteúdo prejudicial a elas. Somente nos seis primeiros meses do ano passado, de acordo com levantamento do Google apresentado pelo Comitê, ocupantes de cargos públicos pediram remoção de conteúdo online 398 vezes. Na lista do Google, aparece em segundo lugar a Líbia, onde o ditador Muammar Kadafi obteve sucesso em menos da metade do número de pedidos de censura online ocorridos no Brasil.
Com pesquisa do jornalista Vilson Antonio Romero, o Tambor da Aldeia reúne outras notícias nacionais e internacionais sobre violência e atentados ao livre exercício da profissão. Para os interessados em colaborar com o boletim, a ARI disponibiliza o email [email protected] para receber informações sobre o tema.

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