Tumulto com imprensa marca voto de Dilma Rousseff em Porto Alegre

Jornalistas foram impedidos de registrar participação da ex-presidente na eleição municipal neste domingo

Tumulto durante a votação de Dilma Rousseff | Reprodução/ZH
Jornalistas e profissionais de imprensa foram impedidos de registrar o voto da ex-presidente Dilma Rousseff em Porto Alegre, nas eleições municipais neste domingo, 2. Com ordem do juiz eleitoral Niwton Carpes da Silva, dois policiais da Brigada Militar barraram a entrada dos comunicadores no Colégio Estadual Santos Dumont, na Vila Assunção, na Zona Sul da Capital.
Em entrevista ao Coletiva.net, o jornalista Flávio Ilha, que estava presente no momento do tumulto, relatou o que aconteceu e disse que a decisão do juiz foi insensata e infeliz. "Ele julgou que a Dilma não deveria ter seu voto registrado e simplesmente fechou as portas do colégio, alegando que, agora, ela é uma cidadã comum, o que é uma inverdade, pois ela é uma ex-presidente", protestou. Ele contou que o clima começou a ficar tenso quando um escrivão mandou fechar as portas da escola. "Esse Niwton nem apareceu para dar explicação. Isso fere a liberdade de imprensa que nos é garantida pela Constituição", assegurou Ilha, que estava fazendo cobertura para o portal de notícias UOL.
O repórter Andrei Rossetto e o cinegrafista Jairo Christofari, do SBT, registraram o momento em que os jornalistas foram barrados. Ao portal, Rossetto lamentou o ocorrido e defendeu que o que aconteceu foi um ato de censura. "Não havia nada que explicasse o motivo de não podermos registrar o voto da ex-presidente. A produção do SBT buscou informações sobre o juiz Niwton e vimos que ele se posiciona clara e abertamente contra o PT", pontuou.
Ambos os comunicadores informaram que, mesmo com a confusão, não houve violência por parte dos policiais. "Eles apenas barraram nossa entrada, mas não foram violentos, não usaram cassetete nem gás de pimenta", relatou Ilha. Andrei disse que, apesar de agirem com truculência, não agrediram os jornalistas. "Não bateram em ninguém, mas usaram a força para impedir nossa entrada", salientou ao Coletiva.net. Sobre o tumulto, o Grupo RBS publicou um editorial no site de Zero Hora, onde manifestou sua opinião sobre o ocorrido: "Faltaram sensibilidade e bom senso na orientação judicial para vedar o acesso da imprensa ao local de votação da ex-presidente Dilma, em Porto Alegre. A justificativa do magistrado que determinou à Brigada Militar que impedisse o testemunho - sob o argumento de que Dilma é uma cidadã comum - não se sustenta na realidade dos fatos e nem no mais primário direito à informação."
Em nota, o juiz eleitoral Niwton informou que a decisão foi por motivos de segurança e que mandou fechar as portas para resguardar a integridade da ex-presidente e dos mesários. Profissionais de imprensa de outros veículos, como RBS TV, Rádio Gaúcha, Jornal do Comércio, Valor Econômico, O Globo, Estadão e Folha de São Paulo, também estavam no local.

Comentários