Uso de redes sociais por jornalistas gera polêmica

Veículos impõem restrições a revelação de informações por parte de seus funcionários

 O debate do momento na mídia nacional é o uso de redes sociais por jornalistas que atuam em veículos. As recentes normas adotadas pela TV Globo e pela Folha de S.Paulo para a publicação de blogs, Twitter e redes semelhantes provocam polêmica. Enquanto uns entendem que divulgar ou não informações por estas mídias é uma questão de postura ética, outros entendem que as empresas podem estar limitando a liberdade de expressão ao tentar regulamentar a questão.

A Folha determinou que seus profissionais sigam os princípios do projeto editorial, "evitando assumir campanhas e posicionamentos partidários", e exige que os jornalistas não divulguem conteúdos de colunas e reportagens exclusivas, restritos a assinantes, na rede. A TV Globo também estabeleceu normas semelhantes aos seus funcionários, vedando a divulgação de informações institucionais e o uso de redes sociais vinculadas a outros veículos de comunicação sem prévia autorização da emissora.

Ouvido pelo site Comunique-se, Bruno Rodrigues, especialista em mídias digitais, afirmou concordar com a medida adotada pelos veículos. "Esse comportamento faz parte do trabalho profissional. Discordo quando dizem que é uma forma de limitar a liberdade de expressão. Quando um jornalista cobre algum assunto para a Folha, por exemplo, o jornal tem total direito nesse caso. Se for um trabalho particular, uma investigação própria, aí é outra coisa".

O professor de pós-graduação da Faculdade Cásper Líbero, pós-doutorado em comunicação e Tecnologia, Walter Teixeira Lima Júnior, acredita que o caso seja algo muito novo e analisa o ponto de vista das empresas e dos jornalistas. "Tudo o que você vai falar vai para o bem ou para o mal da empresa. A preocupação do veículo é que eles têm concorrentes. Tudo isso é muito novo, tanto jornalistas como empresas estão aprendendo como conviver".

O ombudsman da Folha, Carlos Eduardo Lins da Silva, questionou a posição adotada pelo jornal, entendendo que "o comunicado deixa abertas várias possíveis dúvidas". Ele concorda com a exigência da exclusividade das informações produzidas e da necessidade de se seguir os princípios do projeto editorial. Entretanto, manifesta preocupação com a restrição à liberdade de expressão que o controle pode ocasionar. "Mas como exercer controle sobre o que ele diz sobre temas que não são os de que trata no jornal sem interferir na sua liberdade de expressão?".

No caso da Folha, nem conteúdos de colunas e reportagens exclusivas são permitidos, já que são reservados para os leitores da Folha e assinantes do UOL. "Eventualmente blogs podem fazer rápida menção para texto publicado no jornal, com remissão para a versão eletrônica da Folha", afirma o comunicado do jornal.

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