Clariza Rosa aborda case sobre trazer periferias à Comunicação

Publicitária apresentou a Jacaré Modas na quarta edição do Congresso de Estratégia Criativa

Clariza Rosa, da Jacaré Modas - Crédito: Divulgação/Coletiva.net

A publicitária Clariza Rosa trouxe à quarta edição do Congresso de Estratégia Criativa, nesta segunda-feira, 20, o case da Jacaré Modas. A empresa, da qual a carioca é sócia, potencializa jovens da periferia por meio da Moda e, hoje, atua com projetos culturais para marcas. Ela, que acredita nos negócios como forma de impacto e que podem transformar a vida dos brasileiros, bem como que a periferia é uma potência criativa, trouxe a palestra 'Comunicação no presente: o que você não estava esperando encontrar'.

Conforme Clariza, qualquer ideia de futuro precisa levar em consideração todas as pessoas. Ela cita que muitas pesquisas mostram que o perfil do jovem brasileiro mudou, assim como a forma de pensar e produzir conteúdo digital, bem como que o empreendedorismo é uma das soluções para falta de oportunidade de trabalho nas favelas e que a informação é mais distribuída. "Vocês já sabem disso porque é disseminado dentro das agências", disse. Porém, de acordo com ela, o que os estudos não trazem é como as pessoas brancas da Comunicação estão realmente recebendo estas mudanças e as aplicando. "Vocês esperavam ter que retirar campanhas inteiras do ar porque gerou uma repercussão enorme vindo do púbico por falta de representatividade e noção de realidade?", questionou, ao opinar que nunca alguém ia acreditar que este dia chegaria. "Vocês precisam aprender a dividir o lugar na mesa com outras vozes e escutar o que, no fundo, não estavam esperando ter que ouvir", completou.

Para Clariza, é necessário lidar com a zona de segurança versus o desejo de mudar o mundo. Ela ainda comentou que parte das ideias ditas como revolucionárias surgem baseadas em conceitos já existentes, mas vistos de formas diferentes. A publicitária trouxe o estudo de que mais de 60% das pessoas acreditam que as marcas são capazes de gerar mais impacto social do que o governo.

E, por meio destes apontamentos, explorou que é preciso trazer as pessoas para perto e conviver com elas e, desta forma, conseguirão entender melhor sobre este público.  Ela ainda enfatizou: "Comunicação é disputa de poder e de narrativa. Tudo é sobre poder", ao entender que não é sobre aparecer em Cannes, mas passar uma mensagem para que estas mudanças aconteçam.

A partir destas premissas, explorou o case da Jacaré, para mostrar como ela fez esta virada. Ela, que deseja trabalhar com legado para ver as pessoas se inspirarem, conta que a organização se baseia no empoderamento econômico, descentralização do conhecimento e fortalecimento da identidade. A partir disso, bateram na porta das marcas e entenderam que não podiam ser ajudadas. Então, tiveram a consciência de que precisavam criar a sua identidade e, com isso, começaram a desenvolver vários projetos que acabaram conectando uma rede das periferias. "Para conseguir falar com estas pessoas, é preciso entender que grupos minorizados não são homogêneos, cada um tem singularidade", abordou, ao dizer que a ideia de que colocar todo mundo no mesmo bolo tem menos chances de errar não está certa.

Coletiva.net faz a cobertura da quarta edição do Congresso de Estratégia Criativa ao longo desta segunda-feira, 20, com o apoio do Grupo RBS. O evento, realizado no Teatro do Bourbon Country, é produzido pelo Grupo de Planejamento do Rio Grande do Sul.

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