Diversidade racial é tema de debate no Congresso de Estratégia Criativa 2019

Clariza Rosa, Felipe Rocha, Levi Novaes e Luci Cobalchini conversaram sobre o assunto na quarta edição do evento

Levi Novaes, Clariza Rosa, Felipe Rocha e Luci Cobalchini - Crédito: Divulgação/Coletiva.net

Além das palestras, a quarta edição do Congresso de Estratégia Criativa contou com um bate-papo sobre diversidade racial. O encontro foi conduzido pela vice-presidente do Grupo de Planejamento do RS, Luci Cobalchini, e teve como debatedores os palestrantes Clariza Rosa e Levi Novaes, além de Felipe Rocha - que representou o GPNIC. 

De acordo com Luci, a ideia de protagonizar este bate-papo surgiu após o GP RS perceber que, das 12 pessoas que produziram o Congresso, nenhuma delas era negra. "Fizemos uma pesquisa em 2017, e como resultado, 2% das pessoas consideravam negras e trabalhavam com estratégia", apontou. Conforme Felipe, o GPNIC começou em novembro de 2018 e foi criado devido a eles serem negros e não se encontrarem nos locais de trabalho. "Não podíamos compartilhar determinados momentos, pois as pessoas brancas não iriam entender", abordou, ao apontar que o grupo é hoje um local para dividir, trocar e aprender.  

Ao dar início ao debate, o primeiro questionamento foi sobre o que as agências e profissionais perdem quando uma parcela grande da população não é representada, seguida do que podem fazer além de reconhecer este problema. Para Clariza, não é suficiente que as pessoas sejam contra o racismo. "Precisamos de medidas práticas, como quando as empresas desenvolvem uma área de diversidade que tornem este espaço com menos desigualdade", pontuou. Em consoante, Felipe disse que fazer esta inclusão é um papel de todos que são profissionais de Comunicação. "Quando não convidamos estas pessoas para fazer parte de algo estamos, de fato, nos isentando", opinou. Enquanto isso, Levi respondeu que precisa ser algo cocriado, para os profissionais olharem para dentro e verem em como podem ajudar estas pessoas. "É um dando a mão para o outro que conseguimos solucionar, ir caminhando e adiante", enfatizou.

Quando o microfone foi aberto à plateia, foram indagados como fazer com que a diversidade não seja uma comanda e não seja realizado apenas para não se ter incomodação. "Vemos que as marcas são muito cobradas hoje. Mas como tornar isso algo com propósito e natural, e não o que deve ser cumprido obrigatoriamente?", perguntou uma profissional. Em relação a isso, Clariza defendeu que não dá para pensar que a solução tem que ser esporádica. "Ter uma pessoa negra no comando das estratégias irá melhorar muito esta condição", avaliou, ao entender que este momento só vai acontecer quando as pessoas negras ocuparem grandes e importantes espaços nas agências.  "É menos pior ter o check da diversidade do que não ter nada", argumentou. Felipe finalizou o bate-papo abordando que não é estratégico não chamar pessoas negras para campanhas e trabalho porque sempre foram espectadores. "Nós sabemos sobre nós e sobre vocês", expôs.  

Coletiva.net faz a cobertura da quarta edição do Congresso de Estratégia Criativa ao longo desta segunda-feira, 20, com o apoio do Grupo RBS. O evento, realizado no Teatro do Bourbon Country, é produzido pelo Grupo de Planejamento do Rio Grande do Sul.

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