ABL lança dicionário para dar fim às dúvidas do Acordo Ortográfico

Obra esclarece especialmente quanto ao hífen, em prefixos não especificados no Acordo

A Academia Brasileira de Letras (ABL) lança um dicionário para dar fim às principais dúvidas deixadas pelo texto do Acordo Ortográfico, em vigor desde o dia 1º. A segunda edição do "Dicionário Escolar da Língua Portuguesa" começou a ser distribuída nesta terça-feira, 13, nas livrarias. A publicação, editada pela Companhia Editora Nacional, tem 1.311 páginas e aproximadamente 33 mil verbetes.


"O que está no dicionário vai ser adotado pelo Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa)", disse em entrevista à Folha de S. Paulo Evanildo Bechara, membro da ABL e da comissão de língua portuguesa do Ministério da Educação que trata do Acordo. Segundo a Folha, Volp é o documento que registra a grafia oficial das palavras. A nova versão, com cerca de 370 mil palavras da língua portuguesa, será publicada até o início de março.


As principais dúvidas que o dicionário esclarece são em relação ao uso do hífen. Conforme Bechara, o Acordo não tratava dos prefixos "re", "pre" e "pro" por "esquecimento". Palavras com esses prefixos, segundo o novo dicionário, devem ser grafadas sem hífen, como reeditar e preencher - e não re-editar e pre-encher, como interpretaram alguns estudiosos no Acordo.


"O Acordo diz que duas vogais têm que estar separadas por hífen, mas se esqueceu do (prefixo) "re". Teria que estar separado, mas isso se choca com a tradição lexicográfica, tanto em dicionários brasileiros como em portugueses", diz Bechara. "Se o Acordo quisesse contrariar essa tradição, teria sido explícito, o que não ocorreu. Logo, a conclusão é a de que houve um esquecimento." A tradição se refere ao fato de que a reforma deve preservar a tradição ortográfica refletida nos formulários e vocabulários oficiais anteriores.

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