Cresce o endividamento do consumidor gaúcho

Aumento estaria em linha com a conjuntura econômica atual, aponta estudo da CNC

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor gaúcho (PEIC_RS), calculada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e divulgada nesta segunda-feira, 25, mostrou que a quantidade de gaúchos endividados em julho aumentou dois pontos percentuais na comparação com o mês anterior, chegando a 77%. O trabalho também apontou aumento substancial do endividamento em relação ao cenário verificado em julho de 2010 (55%).
Os níveis muito baixos de desemprego e a expansão dos rendimentos a taxas superiores à inflação, fenômenos observados com clareza ao longo dos últimos 12 meses, ampliaram a renda "e, juntamente com as condições facilitadas de crédito, principalmente antes das medidas macroprudenciais do governo e do reinício do aumento dos juros, impactaram fortemente o consumo das famílias, que aumentou significativamente ao longo de 2010", indica a pesquisa. Em 2011, apesar de mais lento, o crescimento do consumo continuou, levando consigo os níveis de endividamento, visto que grande parte das compras são financiadas.
O leve aumento no endividamento registrado nos últimos 30 dias está em linha com a conjuntura econômica atual. O aumento do percentual de endividamento foi mais acentuado nas famílias de maior renda (de 81% para 86%). Nas famílias com renda de até 10 salários mínimos, por sua vez, a parcela de endividadas ficou praticamente constante, aumentando de 74% em junho para 75% em julho. O cartão de crédito foi a ferramenta mais utilizada para os parcelamentos (84,2%), seguido pelos carnês (31,2%) e pelos financiamentos de carro (22,6%).
A quantidade de famílias com contas em atraso apresentou elevação de dez pontos percentuais na comparação com o mesmo período do ano passado, somando 36% dos entrevistados. Segundo Zildo De Marchi, presidente do Sistema Fecomércio-RS, "após meses de acumulação de dívidas, apesar da conjuntura de renda elevada, a falta de educação para o uso racional do crédito e a falta de planejamento orçamentário podem estar contribuindo para um nível mais elevado de famílias com contas em atraso". Mesmo assim, é importante ressaltar que o patamar atual de famílias com contas em atraso não é considerado excessivamente elevado, uma vez que está acima de sua média histórica.
A explicação para essa dinâmica na inadimplência está no  fato de que a ampliação das contas em atraso e a elevação da taxa de juros, que encarecem as parcelas das dívidas a serem saldadas, tornam mais difícil para as famílias a quitação imediata da totalidade de seus débitos, apesar do patamar de renda mais elevado. "O País precisa educar seus cidadãos para o consumo consciente. O comércio precisa de consumidores, mas não de qualquer consumidor. Precisamos de consumidores adimplentes, que honrem seus compromissos. E isso só acontece quando as pessoas têm conhecimento de como gerir os seus próprios recur sos e o crédito a que têm acesso", concluiu De Marchi. 
A pesquisa completa está em www.agencia.fecomercio-rs.org.br/pesquisa.

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