"Tenho um rádio no lugar do coração", garante Alexandre Garcia

Jornalista gaúcho, que é apresentador da Rede Globo, no Rio de Janeiro, falou sobre a economia brasileira

Alexandre Garcia

"Tenho um rádio no lugar do coração. Não dá para parar, isto está no sangue", garantiu o jornalista Alexandre Garcia durante sua palestra no 24º Congresso da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert). Realizado no hotel Continental, em Canela, o encontro teve início com uma breve explanação sobre sua trajetória profissional. "Duvido que alguém aqui tenha mais tempo [de rádio] do que eu, que comecei aos 7 anos, em Cachoeira do Sul", disse, brincando, um pouco antes de comentar a economia brasileira.

A partir da popular frase "Que País é esse?", o comentarista falou que parte desse questionamento está no sentimento masoquista de se empurrar para baixo. "Um amigo meu, o Osni Brando, disse que passou a ter certeza de que Deus é brasileiro, porque a gente joga fora uma oportunidade, mas ele dá um jeito de dar outra novamente."

Para exemplificar, compartilhou a vivência com a troca de moeda no governo de Itamar Franco, em 1994. O Plano Real, que visava à estabilização econômica brasileira, foi desacreditado por colegas comentaristas do setor, segundo Alexandre. "Ora, torciam contra e pelo retorno da inflação. Por que essa negatividade com o País?", lamentou, recordando a correção diária de valores, chamada overnight. "Arrisco em dizer que pode ser pela mistura de raças."

Outro ponto abordado foi o complexo de vira-lata, criado pelo escritor Nelson Rodrigues. Para o comentarista econômico, o autodesprezo brasileiro é resultado da falta de heróis e apenas ao culto de jogadores de futebol. "Perdemos nossa referência, não cantamos mais o hino nacional e não sabemos mais o sentido dos símbolos, como a bandeira", declarou, creditando isso à falta de ensino cívico nas escolas e destacando que não é um pensamento militar, mas de patriota.

"A gente adora um bom enterro", criticou. Com isto, lembrou do enterro televisionado de Tancredo Neves, ao som de Coração de estudante na voz de Milton Nascimento. Ainda, caçoou com a rivalidade de Xuxa Meneghel e Adriane Galisteu no velório de Ayrton Senna: "Uma chorando no caixão, enquanto a outra lamentava da esquina". Todo o pessimismo brasileiro, para ele, é reflexo do politicamente correto.

No que tange à economia, mostrou-se esperançoso para o próximo ano, tendo em vista o crescimento de investimentos no território e as riquezas do subsolo. "A perspectiva é muito boa para 2018. Vejo o retorno da capacidade aquisitiva por pessoas de baixa renda. Sem esquecer que o grande eleitor será o crescimento econômico."

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