Marcos Santuário defende que o audiovisual deve acompanhar contexto de multitela

O jornalista e editor de Cultura do Correio do Povo faz a curadoria do Festival de Cinema desde a 40ª edição

Santuário faz a curadoria do festival desde a 40ª edição - Divulgação/Coletiva.net

O jornalista Marcos Santuário, que faz a curadoria do Festival de Cinema de Gramado desde a 40ª edição, defendeu, em entrevista ao Coletiva.net, que o audiovisual deve acompanhar as tendências e se inserir no contexto de multitela. Para ele, que também é editor de Cultura do Correio do Povo, o conteúdo deve ser produzido para todas as plataformas. "Quem vive disso tem que se reinventar. Este universo está mudando, e produção, exibição e distribuição não são mais como antes", constatou.

Segundo ele, que contou ter sido convidado, junto com Rubens Ewald Filho e José Wilker (que morreu em 2014), para transformar a imagem do evento, está começando a colher os frutos que foram semeados há sete anos. "Queria que Wilker estivesse vivo para ver o que começamos naquele ano", comentou, ao mencionar que a ideia era pensar um festival aberto e dinâmico, com filmes que pudessem dialogar com o publico, com os diretores e com a crítica especializada. "Produções que saíssem de Gramado e não ficassem guardadas nas gavetas dos produtores, sem encontrar telas de exibição", declarou.

Santuário informou que, nos últimos anos, o evento tem apresentado uma diversidade de filmes com grande capacidade de tela, atingindo um público variado e sem pecar na qualidade cinematográfica, sem ficar no apelo popular. "Os artistas que pisaram no tapete vermelho fizeram um ótimo trabalho cinematográfico, o qual justificou sua vinda. Ninguém que não tenha isso vai ter esse holofote que a gente propõe dentro dessa constituição de curadoria", definiu, ao explicar que, quando assumiram a missão, inverteram a lógica de eleição de filmes: "Antes, era mais importante a visibilidade midiática dos atores do que o próprio filme. Agora, valorizamos a qualidade das produções para, depois, perceber quem está no elenco, mas, para nossa sorte, acaba sendo uma unidade natural, pois os grandes artistas estão em bons filmes".

O jornalista adiantou ainda que, mesmo sem saber se seguirão na função de curadores, ele e Rubens já estão pensando na edição do ano que vem do festival. Ele também contou que, inclusive, alguns diretores já os procuraram com o interesse de exibir suas produções em 2019, o que, para ele, representa uma valorização do evento. "Essa vontade de os diretores quererem fazer parte do evento é um grande reconhecimento", finalizou.

Com o apoio do Banrisul e Canal Bah!, a equipe de Coletiva.net realiza a cobertura em tempo real do Festival de Cinema. Ao longo da programação, a editora do portal, Gabriela Boesel, as repórteres Júlia Fernandes, Luana Nyland e Patrícia Lapuente, a publisher Márcia Christofoli, o social media Felipe Ramires e o fotógrafo Rafael Linck produzirão conteúdo sobre o evento e seus bastidores, além de alimentarem as redes sociais com tudo o que está acontecendo em Gramado.     

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