Poder de transformação da gastronomia pauta palestra

Samantha Souza apresentou a experiência do projeto social Refettorio Gastromotiva

Samantha Souza expôs o case do Gastromotiva

A relação entre gastronomia e educação norteou a palestra da coordenadora da Gastromotiva no Rio de Janeiro e principal responsável pela gestão do projeto Refettorio Gastromotiva, Samantha Souza, durante o FIC 2017 - Festival de Interatividade e Comunicação. A organização social, fundada há 11 anos, busca transformar a vida de pessoas em situação de vulnerabilidade social e funciona como um restaurante-escola. "Todos os dias, de segunda a sexta-feira, a gente recebe 90 pessoas para fazer uma refeição com dignidade", explicou, ao falar do projeto que ainda envolve cultura, nutrição e educação voltada ao trabalho.

Para manter a iniciativa, a Gastromotiva conta com parceiros, que encaminham à organização alimentos que não seriam mais vendidos, mas que estão em condições de consumo. Os produtos são utilizados pelos alunos do curso de cozinheiro para produzir as refeições. Estes estudantes, por sua vez, acabam se tornando "cozinheiros do futuro" e multiplicadores do projeto. "A gente quer que nossos alunos entendam que é possível fazer uma boa gastronomia com produtos que seriam desperdiçados. É importante que a gente pare de ficar só falando que ? de toda comida do mundo é jogada no lixo e não faça nada."

Vinte caixas de aspargos, 20 de pitaia e muitas de banana - fruto que bate recordes de desperdício - estão, segundo a palestrante, entre os alimentos recebidos somente na última semana. Samantha chama a atenção para o alto desperdício e diz que acredita que somente com a educação esse cenário será, aos poucos, transformado. "É estranho ser chamado de inovador por tratar as pessoas com dignidade, por uma refeição, uma oportunidade de educação, qualificação para o trabalho... Isso é uma obrigação social", pontuou.

Ao contar sobre o lançamento do refeitório durante o período olímpico, quando todos os olhos estavam voltados para o Rio de Janeiro, Samantha contou que era comum ouvir que pessoas em situação de vulnerabilidade social não devem ser tocadas. Ela contrapôs essa perspectiva ao lembrar um comentário que ouviu de um dos participantes do projeto: "Aprendi tanta coisa aqui hoje e fui tratado como gente". Antes de encerrar, pediu ao público que mantivesse a crença na educação e compreendesse que "a mudança só acontece a partir do indivíduo" e não precisa ser grande para ocorrer, já que as pequenas atitudes também podem ser multiplicadas.

Samantha nasceu e cresceu na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Desde uma idade muito precoce, questionou-se sobre as transformações na sociedade, o que a motivou a estudar História. Mais tarde, fez Mestrado em História Social da Cultura e, durante três anos, trabalhou com projetos na área da Cultura. Em 2013, conheceu Gastromotiva e se apaixonou pelo trabalho social. Seu primeiro envolvimento foi como educadora, ministrando as aulas de cidadania aos estudantes da Gastromotiva, até que tornou-se coordenadora pedagógica.

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