Agredida durante gravação, equipe da Band recebe apoio de associações

Agert e Abert manifestaram repúdio ao episódio ocorrido durante a cobertura do julgamento de Lula em Porto Alegre

Uma equipe de reportagem da Band RS foi agredida e expulsa da região do Anfiteatro Pôr do Sol, nesta quarta-feira, 24. Aos gritos de "golpistas" e "canalhas", manifestantes hostilizaram os profissionais e os empurraram. Com o princípio de tumulto, o time, que atualizava a emissora televisiva com informações sobre o movimento, precisou deixar o local. Os profissionais receberam apoio da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert).

As agressões verbais começaram por uma mulher e, em pouco tempo, atraiu mais manifestantes. Ao Coletiva.net, a repórter Fernanda Farias contou ter pensado que fosse apenas mais um xingamento, como havia enfrentado no dia anterior. Em seguida, ainda tentou argumentar que estavam a trabalho, registrando o protesto, mas os ânimos se exaltaram. A repórter foi atingida nas costas por um copo de cerveja e, ao chegar ao carro, o cinegrafista sofreu um empurrão. Os manifestantes seguiram com os xingamentos e bateram no carro da emissora.

Imagens publicadas no perfil da Band News FM, no Twitter, mostram o momento em que a repórter e o cinegrafista Márcio Godoy entram no carro para ir embora, enquanto os manifestantes batem nos vidros do veículo. Fernanda confessou ter se sentido desrespeitada. "Já fui xingada várias vezes nesse tipo de cobertura. As pessoas ficam muito apaixonadas e cegas, mas é revoltante ouvir ofensas. Eu estava trabalhando e fui chamada de canalha e vagabunda por homens e mulheres. Totalmente desrespeitada", desabafou.

A Agert repudiou a hostilidade praticada contra os profissionais. "Nada justifica a violência contra jornalistas que estão no exercício da profissão. A imprensa tem o dever de informar sobre os fatos de interesse da população, direito inalienável do público e essencial ao Estado Democrático de Direito", registrou o presidente da entidade Roberto Melão. Já a Abert citou, ainda, as agressões ocorridas em Curitiba e no Rio de Janeiro. "Atos como estes demonstram intolerância e o desconhecimento do real papel da imprensa. Qualquer tentativa de impedir que jornalistas exerçam seu trabalho viola o direito constitucional da sociedade de acesso à informação de interesse público."

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJors) colocou-se à disposição da categoria, em caso de eventuais represálias, ameaças ou agressões no exercício de suas atividades. No entanto, conforme o presidente da entidade, Milton Simas, disse à reportagem, não houve registro formal de ocorrências. Ao portal, Milton reafirmou a disponibilidade em auxiliar os profissionais, associados ou não.

O episódio ocorreu nesta manhã, depois que uma falha técnica fez com que o gerador de caracteres da BandNews TV informasse a "condenação de Lula por unanimidade", durante o primeiro intervalo do julgamento do processo, quando a sentença ainda não havia sido proferida. A imagem gerou repercussão nas redes sociais. Mais tarde, a BandNews retratou-se, ao vivo, pelo erro e afirmou que "o texto projetava um dos possíveis resultados para o julgamento".

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