"O vinho vai entrar na pele do brasileiro"

Michel Bourque diz que o vinho tem forte identificação com o Brasil, pois ambos remetem ao prazer

Teve início agora há pouco a Semana da Propaganda 2006. O vice-presidente da ARP (Associação Riograndense de Propaganda), Arthur Bender, deu as boas-vindas aos participantes e abriu os trabalhos do evento chamado os professores da ESPM para a palestra "Marketing do Vinho - Como transformar Produtos Locais em Marcas Globais". Participaram do debate os docentes da instituição Sinval Oliveira de Souza, também diretor do Museu de Ciência e Tecnologia da PUC, Norton Flores, publicitário da Associação dos Produtores do Vale dos Vinhedos, Fernando Dewes, psicólogo, Michel Bourque, consultor do curso de Marketing da OIV (França), e Flávio Martins, como mediador.


Sinval começou falando das cadeias produtivas dos vinhos finos gaúchos e apresentou alguns dados do setor. Disse que os pontos fortes da produção local são a tradição, a cultura, a tendência de aumento do consumo e o fato de sermos os maiores produtores brasileiros. Mas disse que o consumidor tem pouco acesso a informações sobre os nossos vinhos q que esta é uma falha das vinícolas. Ele apontou também que o Brasil é o 14º produtor e consumidor mundial de vinhos e importa, principalmente de Chile, Argentina, Itália, Portugal e França.


Norton apontou o enoturismo como fundamental para divulgar o vinho nacional e que as vinícolas deveriam tornar suas apresentações mais atrativas, falando mais de histórias e tradições do que do processo técnico do vinho. "É preciso individualizar. Hoje, você vai em três vinícolas em Bento Gonçalves e é tudo igual, muito chato", lamentou. Fernando falou da motivação hedonística do consumo do vinho, que se dá pela busca do prazer. "O vinho desperta sensações, imagens, fantasias, emoções, todos os nossos sentidos", exclamou. "Muitos produtos buscam uma personalidade, mas o vinho já nasceu com a sua", concluiu.


"O vinho não é uma bebida, não se bebe quando tem sede. A sociedade tem apetite por vinho", afirmou Michel. Para o professor a problemática do produto é a identidade, não se pode defini-lo como uma cultura ou ciência: "É um prazer", afirmou. "O Brasil tem a imagem do prazer, não é difícil associá-lo ao vinho, não entendo a dificuldade de vendê-lo aqui", lamentou. Para ele um erro dos brasileiros é achar que marketing de vinho é dar desconto, quando na verdade é criar o hábito do prazer.


No encerramento, Flávio apresentou a nova pós-graduação da ESPM, em Marketing de Vinhos. Disse ainda que "os consumidores brasileiros estão afastados da cultura do vinho por falha da cadeia produtiva".

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