2005, um ano sangrento para os jornalistas

Balanço foi realizado pela organização Repórter Sem Fronteiras


A organização francesa Repórteres Sem Fronteiras acaba de divulgar um balanço dos atos violentos cometidos contra profissionais de imprensa no mundo inteiro no último ano. Sessenta e três jornalistas morreram, cerca de 807 foram detidos, 1.308 agredidos ou ameçadados e 1.006 meios de comunicação foram censurados. Desde 1995, quando 64 colegas perderam suas vidas no exercício da profissão, nunca os números haviam sido tão expressivos. A lista registra a morte de um profissional brasileiro. Pelo terceiro ano consecutivo, o Iraque continua sendo a região mais perigosa para trabalhar. Vinte e quatro jornalistas e cinco colaboradores morreram no ano passado. No total, 76 morreram naquele país desde o início do conflito armado, em março de 2003, mais do que na guerra do Vietnã. Os ataques terroristas são a primeira causa de mortalidade entre os profissionais.


O exército norte-americano também tem sua responsabilidade. Por causa dele, três profissionais morreram. Nas Filipinas, sete perderam suas vidas. Ali, grupos armados, políticos, empresários e traficantes mostram-se dispostos a fazer de tudo para silenciar a imprensa, que vem investigando práticas ilegais nas quais eles estão envolvidos. No Líbano, uma série de atentados atingiu a imprensa. Em setembro, May Chidiac, apresentadora do canal de TV LBC, escapou com vida de um atentado com um carro-bomba, mas ficou mutilada.


Quanto às agressões e ameaças, foram registrados mais de 1.300 casos. Em 2004, o número é de 1.146. Segundo o documento, as agressões são práticas diárias e partem de todas as partes em Bangladesh e Nepal. Entre os agressores estão grupos armados e militantes de partidos políticos. A China é campeã em se tratando de jornalistas presos: 32 continuam na cadeia, enquanto em Cuba o número é de 24. Houve um aumento de casos de censura de mais de 60% em relação a 2004. Foram 1.006 contra 622 do ano retrasado. O controle do que é publicado na Internet é comum em alguns países. Na China, 62 profissionais foram presos por publicarem informações contra o governo e seus interesses.

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