Coluna de David Coimbra gera mal-estar na Prefeitura

O jornalista citou a Porto Alegre atual como "a pior cidade de todos os tempos"

A coluna de David Coimbra publicada na edição de hoje de Zero Hora se refere à Porto Alegre atual como "a pior cidade de todos os tempos", já no título. O jornalista faz uma crítica ao uso exagerado do termo "gestão" na política pública e escreve: "Li que a prefeitura de Porto Alegre está se jactando de fazer uma gestão muito enxuta, muito econômica". Em seguida, justifica o título do texto: "Nunca houve tanta gente abandonada nesta cidade, nunca se viu tantos mendigos esmolando pelas esquinas, tantos sem-teto dormindo debaixo das marquises, famílias morando dentro de canos (?) Essa é a gestão da prefeitura de Porto Alegre".


O comentário de Coimbra gerou mal-estar na Prefeitura. Já de manhã cedo o prefeito José Fogaça deu um telefonema para o executivo Geraldo Corrêa, vice-presidente da Unidade de Rádio e Jornal do Grupo RBS, para se queixar do tom da coluna. "Ninguém da Prefeitura gostou", admite o coordenador de Jornalismo, Luiz Aquino. "O meu amigo David resumiu a gestão aos moradores de rua - que é um problema realmente sério e do qual, embora não seja exclusividade do município, não nos furtamos. A gestão é o todo, inclui outras políticas, que não são vistas no dia-a-dia ou não são consideradas tão importantes por algumas pessoas. Mas resumir a gestão a esse problema é dizer uma inverdade", declarou Aquino. O jornalista contou a Coletiva.net que já conversou com Coimbra, que lhe garantiu espaço para resposta.


Aquino, que atuava até o ano passado como editor-adjunto do Diário Gaúcho, e Coimbra entendem como política de praxe da RBS ceder esse espaço para a defesa. "Nossa resposta não será um relatório de gestão, porque não haveria espaço para isso na coluna de David, mas vamos dar alguns exemplos que mostram que há sim gestão em Porto Alegre e que essa gestão é positiva e dá resultados. Vamos apresentar dados como o aumento do investimento em saúde (que de 18,2% em 2004 pulou para 19,3% em 2006, chegando a R$ 232 milhões) e em educação (que foi de 26,2% para 26,6%, atingindo um total de R$ 320 milhões), duas áreas que, nesta gestão, receberam os maiores montantes em números percentuais da história da administração municipal", adianta o coordenador.


Para o colunista, a repercussão é importante, mas ele não esperava que a Prefeitura reagisse tão negativamente: "Acho que a Prefeitura é muito pouco criticada, não está acostumada a isso e quando é criticada fica muito suscetível", disse a Coletiva.net. "É claro que esperava uma reação das autoridades, mas não que elas ficassem irritadas. O legal é quando se entende a crítica e se tenta melhorar os problemas. Quanto à resposta, é claro que vou dar, é importante que haja uma satisfação da administração", contou Coimbra. O jornalista revelou ainda que recebeu o apoio de leitores e os e-mails sobre o texto, até o momento, chegavam a 182.

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